Entrevista | 30-11-2021 21:00

“Há cada vez mais pessoas a querer eliminar os pêlos do corpo”

“Há cada vez mais pessoas a querer eliminar os pêlos do corpo”
IDENTIDADE PROFISSIONAL
Sofia Grifo pensou no futuro da filha quando abriu o gabinete de estética

Sofia Grifo, 40 anos, proprietária da Sofia Grifo - Serviços de Estética.

Trabalha há vários anos em unidades hospitalares e gosta do que faz. Mas desde sempre teve fascínio pela área da estética. Quando a pandemia obrigou o país a parar Sofia Grifo mexeu-se e investiu em material e formação especializada em laser e massagem modeladora. Para uma mãe de uma menina com síndrome de Down esta foi também uma porta que se abriu para o futuro profissional da filha.

O dia começa ainda cedo para Sofia Grifo. Depois de deixar a filha Beatriz na escola viaja de Alverca do Ribatejo para o Hospital Dona Estefânia, em Lisboa, onde trabalha como secretária clínica na ala de pedopsiquiatria. Terminado o horário laboral regressa à cidade ribatejana para atender uma cliente no espaço de estética que criou direccionado para a depilação a laser, massagens modeladora e terapêutica e tratamentos faciais de fotorejuvenescimento com laser. Uma nova actividade profissional que nasceu durante a pandemia.

“A área da estética sempre me despertou interesse e no dia em que surgiu a oportunidade de comprar uma máquina laser não hesitei”, conta a O MIRANTE, acrescentando que concluiu com sucesso um curso de master laser e outro de massagem modeladora na Escola Profissional de Estética e Cabeleireiro, em Lisboa. Concluída a formação começou a receber os primeiros clientes que “foram crescendo através de parcerias e do passa a palavra”.

Para Sofia Grifo, esta segunda actividade, além de funcionar como complemento ao rendimento familiar, é uma espécie de antidepressivo natural. Tanto para si, como para os seus clientes. “Durante as sessões acabamos sempre por conversar, partilhar experiências de vida que nos deixam mais descontraídos”, revela. Mas este segundo emprego tem outro objectivo inerente: ser uma porta aberta para o futuro profissional de Beatriz, a sua filha de 13 anos, diagnosticada com síndrome de Down.

De olhos amendoados e muito atentos, Beatriz observa a forma como a mãe liga a máquina e prepara a marquesa no gabinete de estética certificado que funciona numa parte da casa onde vivem, no lote 2 da Praceta José Régio. “Gosta de ajudar e demonstra muita curiosidade”, diz Sofia Grifo admitindo algum receio relativamente ao futuro profissional da filha, não porque esta não seja capaz de desempenhar uma profissão, mas devido à falta de abertura que ainda existe em Portugal na contratação de pessoas com deficiência. “Não sei se a Beatriz quererá seguir esta via, mas é uma oportunidade que lhe deixo em aberto”, vinca.

Desde que abriu o gabinete de serviços de estética Sofia Grifo não tem mãos a medir. “Há cada vez mais pessoas a querer eliminar de vez todos os pêlos do corpo”, desde as axilas, aos braços, à volta dos mamilos, costas e barriga. “Até mesmo no rosto. Há homens que estão a optar por este modo para não terem que continuar a vida toda a desfazer a barba”.

Também há quem seja tão obcecado com a presença de pêlos em determinadas partes do corpo que queira fazer sessões de manutenção que não se justificam. Mas o importante, diz, é que cada um se sinta bem e satisfeito com o resultado final, ou seja, um corpo sem pêlos numa média de cinco sessões. Atacar o acne, as rugas e as manchas de pele é outra das especialidades dos serviços prestados por Sofia Grifo, “com resultados em quatro sessões” de fotorejuvenescimento laser.

Energética, simpática e faladora, Sofia Grifo não consegue estar parada. Com formação profissional em contabilidade e gestão, sempre gostou de aprender novas competências. Foi contabilista, carteira e gestora de clientes em empresas de diversos sectores. Mas quando lhe perguntamos qual a sua vocação não hesita: trabalhar na área da saúde. “É a minha paixão e onde sinto maior gratidão de todos os que oriento e esclareço”, diz, explicando que já passou por diversos hospitais e serviços.

Quando questionada sobre qual a fase mais negra da sua vida profissional a resposta também é pronta: “Quando estive desempregada depois de não me terem renovado contrato no Hospital de Vila Franca de Xira. Estava com uma depressão e grávida da Beatriz. Foi um período muito difícil e não tive forças para reivindicar”.

Aos 40 anos Sofia Grifo sente-se uma profissional realizada que não abdica do tempo em família. Por esse motivo o gabinete de estética funciona ao sábado e domingo da parte da manhã, para que o resto do dia possa ser aproveitado na companhia dos seus familiares. Até porque, sublinha, não acredita em bons profissionais que vivam a 100% para o trabalho, sem pausas para viver a vida pessoal.

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