Entrevista | 20-09-2022 12:00

Há um novo festival em Azambuja para celebrar a diversidade cultural

André Salema está no seu primeiro mandato à frente da Junta de Azambuja

As festas de Setembro em Azambuja largaram o antigo conceito, focado na religião e tauromaquia, para celebrar a diversidade cultural. A mudança veio com o novo executivo, liderado por André Salema, que defende que a cultura num território tem de ser para todos. De 23 a 25 de Setembro, no campo da feira, vai haver teatro infantil, dança contemporânea, artesanato, street food, zona lounge e música para todos os ouvidos. Outra das novidades é o balão de ar quente que vai voar a partir da praça de toiros.

Porque decidiu alterar o conceito das festas de Setembro? Primeiro, porque tínhamos no final de Setembro as Festas em Honra de Nossa Senhora da Assunção, quando o dia da padroeira é a 15 de Agosto. Decidimos por isso, depois de falarmos com a paróquia, que o que fazia sentido era a padroeira ser celebrada no dia dela. O segundo aspecto que nos levou a abandonar o anterior modelo teve a ver com a análise de custos que eram bastante elevados. Estamos a falar de 70 mil euros para três dias de festa e duas largadas de toiros. Pesou também na decisão o facto de o anterior modelo não ter sido aglutinador para o comércio local.
Este festival, que também vai decorrer ao longo de três dias, vai custar menos aos cofres da junta? Sim. Tínhamos previsto um gasto de 35 mil euros para este festival mas vamos aumentar o orçamento porque se juntou uma série de parceiros, como a Heineken e Licor Beirão, que se interessaram pelo festival e o vão apoiar. Não nos podemos esquecer que a junta de freguesia tem um orçamento próprio onde estão incluídas as verbas dos contratos interadministrativos para investimento no espaço público que não podem ser canalizadas para fazer festas. Com esta poupança vamos investir mais no espaço público.
A opção de retirar as largadas das festas fez chover muitas críticas? Lido muito bem com a crítica, até porque é legítimo que haja quem defenda algo diferente. É claro que tínhamos consciência que esta decisão iria melindrar pessoas, sobretudo as que estão ligadas ao sector da tauromaquia; e também é óbvio que a Junta de Azambuja não é anti-taurina mas quer governar para todos. Houve centenas de pessoas a agradecer a coragem de termos feito esta alteração que, é verdade, não foi fácil.
Em Azambuja é difícil mudar o que está instituído, neste caso, afastar de uma festa uma parte da cultura e tradição de Azambuja e do Ribatejo? Azambuja não deixa de ter as suas tradições e a sua matriz cultural e nós vamos lutar para que isso sempre aconteça, mas queremos trazer diversidade. Quanto mais diversidade cultural tivermos num território melhor, a cultura não pode estar cingida a uma determinada área. As pessoas queixavam-se que além da tauromaquia não existia oferta cultural em Azambuja. Alguma coisa tinha que ser feita.
No cartaz surgem artistas de dança, teatro e de géneros musicais desde o fado com Sara Correia, ao funk, pop e rock. A ideia foi trazer o máximo de diversidade possível? Precisamente. Quando tomámos a decisão, em Maio, de avançar com o festival tínhamos que fazer escolhas rapidamente e por isso não conseguimos trazer toda a diversidade que queríamos. Mas temos o que é preciso para conseguir ir ao encontro de todas as gerações e muitos gostos. Costumamos dizer que a cultura é sempre o parente pobre e que as autarquias, por vezes, dão pouca atenção a determinados sectores culturais. O que queremos fazer é o oposto, ou seja, apoiar o maior número possível de espectros culturais, nomeadamente dar a conhecer artistas talentosos que não são conhecidos do grande público.
Além do conceito mudaram de local. Porquê o campo da feira? Inicialmente estava prevista a Praça do Município, mas tendo em conta as obras e o facto de não as querermos atrasar mais, alteramos. Além disso, nesse espaço não tínhamos todas as infraestruturas necessárias para acontecer um evento da dimensão deste e no campo da feira temos o que é preciso.
O que vamos poder encontrar no recinto do festival? Além de um palco principal e de outro secundário, a funcionar alternadamente, vamos ter uma zona de street food com bastante variedade gastronómica, dois espaços do Licor Beirão onde as pessoas podem conviver e dois espaços da Heineken para venda de bebidas e da Delta. Dentro da praça de toiros teremos uma zona dedicada ao artesanato, stands de empresas que se querem dar a conhecer e tenda de marcas do concelho de Azambuja. Uma novidade que vai abrilhantar a festa é o balão de ar quente instalado no centro da praça, no qual as pessoas se podem elevar a 30 metros de altura.
O momento reservado a homenagens mantém-se? Está a ser preparado um grande mural de arte urbana, junto ao fontanário situado atrás da igreja, de homenagem ao fado e a três fadistas em particular. Duas delas, Maria do Céu Corça e Fátima Regateiro, faleceram durante a pandemia e não tivemos oportunidade de lhes dizer obrigada. Outra fadista que não podemos esquecer é Maria Luzia Reis. São três figuras maiores do fado na nossa terra que merecem ser recordadas.
O Azambuja CultFest traz também uma outra novidade, que é a vertente social. Pensamos que esta iniciativa deveria ter essa vertente, neste caso para apoiar uma instituição da freguesia. Os Bombeiros de Azambuja estão a ter dificuldade na aquisição de um veículo de desencarceramento e queremos ser parte da solução de quem nos ajuda 365 dias por ano, ao mesmo tempo que despertamos as pessoas para este tipo de problemas que existem.
O que podemos esperar mais neste primeiro mandato ao nível cultural? Para já, em Outubro, teremos duas sessões de comédia de stand up no cinema, que agora está a cargo da junta de freguesia e que também tem sido aproveitado para sessões de cinema para crianças e idosos de instituições. Os eventos que criarem raízes terão continuidade, o mercado medieval que realizamos, por exemplo, foi um sucesso.

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