Por um Coração Saudável
Um em cada cinco portugueses com mais de 30 anos tem um risco elevado de contrair DCV fatal nos próximos 10 anos.
Um dos grandes desafios neste início de século é o de travar o flagelo das doenças cardiovasculares (DCV). A Humanidade sempre morreu de epidemias. E tal como a peste negra, a febre amarela, a cólera, a tuberculose, a sífilis, a SIDA e mais recentemente a Covid-19, também as DCV estão ligadas a fatores sociais e económicos que condicionam o “estilo de vida”.
Os avanços que se sucedem a um ritmo impressionante na Medicina tem vindo a melhorar a sobrevivência a quem sofre de DCV (menos 8% no último quinquénio), mas o número de casos na população é cada vez maior, mantendo-se as DCV, a principal causa de morte em Portugal.
Para este cenário contribui 70% da população portuguesa com colesterol elevado, 20% fumadora ou obesa, 40% hipertensa. De referir que a maioria é sedentária (somos o país da União Europeia com menos praticantes de exercício físico), o número de diabéticos a aumentar consideravelmente e a adoção de dieta cada vez menos mediterrânica. Um em cada cinco portugueses com mais de 30 anos tem um risco elevado de contrair DCV fatal nos próximos 10 anos.
A prevenção das DCV é uma questão de educação para a saúde e compete-nos a todos nós. É uma atitude que começa em casa, com a família, evidenciando-se em fatores como as escolhas alimentares ou a forma como se pratica, ou não, atividade desportiva. Acrescenta-se nestas tarefas o contributo de outros agentes, nomeadamente as escolas, os centros de saúde, os médicos de família e outros profissionais de saúde bem como os jornais, as televisões e o marketing digital.
Aproximadamente 80% da mortalidade prematura pelas DCV poderia ser evitada. O segredo para minimizar a ameaça à nossa esperança de vida é simples e baseia-se em cumprir o objetivo de que “mais vale prevenir que remediar”, porque é possível prevenir, viver mais e com mais saúde, mas muitas vezes já não é possível remediar.
- Médico Cardiologista, Diretor Clínico e Executivo da Unidade Cardiovascular de Riachos (UCARDIO), Coordenador da Unidade de Hemodinâmica e Intervenção Cardiovascular do Centro Hospitalar de Leiria .