Identidade Profissional | 19-02-2022 18:00

Cuidar de idosos é um trabalho que se faz por amor

Soraia Garcia é ajudante de lar há cinco anos no Hospital Civil e Misericórdia de Alhandra

Desde pequena que Soraia Garcia sonhava cuidar dos outros. Depois de equacionar ser educadora de infância acabou por se tornar ajudante de lar na Associação do Hospital Civil e Misericórdia de Alhandra, onde trabalha há cinco anos.

O segredo para se ser bom no que se faz é executar com amor o trabalho que se desempenha. A convicção é de Soraia Garcia, 29 anos, ajudante de lar na Associação do Hospital Civil e Misericórdia de Alhandra. Há cinco anos que entrou na instituição e apesar de inicialmente lhe ter custado um pouco adaptar-se ao ambiente de lar acabou por se apaixonar pelo que faz e hoje garante adorar a profissão, não se vendo a fazer outra coisa. “Gosto de cuidar dos outros e acho que a velhice é uma idade muito bonita, seguimos os passos deles, damos-lhes carinho e a ternura que muitas vezes não têm”, explica a O MIRANTE.
Soraia Garcia é natural do Sobralinho, terra onde ainda hoje vive e que elogia como sendo uma localidade pacata e de gente simpática. Mas muito envelhecida também. Já teve outras profissões: começou a trabalhar numa cadeia internacional de roupa num centro comercial e depois num supermercado. Quando soube da oportunidade de entrar na Misericórdia de Alhandra aproveitou e hoje diz que não está arrependida.
A sua rotina diária começa pelas 07h00 com a higiene dos utentes. Depois é seguir a rotina: pequenos-almoços, banhos, actividades, muda de fraldas e muitos carinhos e brincadeiras pelo meio. “Não é um trabalho fácil mas quando se faz com amor consegue-se tudo. Há dias melhores e piores mas temos de tentar sempre ultrapassá-los. Uma certeza é que os utentes nunca têm culpa. Temos de os tratar acima de tudo o que nos rodeia. É um privilégio trabalhar aqui”, refere.
Soraia Garcia defende que é melhor os idosos estarem institucionalizados do que sozinhos em casa e muitas vezes desamparados. “Mantermos a vigilância nestas idades é muito importante e a solidão é o pior que pode haver. Eles merecem usufruir da melhor maneira e com qualidade de vida os últimos tempos que têm”, defende, realçando que a grande união entre os trabalhadores da instituição é a grande mais-valia do seu trabalho. “Temos uma grande união entre colegas que sempre nos ajudam e incentivam e isso contribui para que o nosso dia corra melhor”, conta, acrescentando: “Acordamos todos os dias sabendo que vamos fazer o que gostamos e isso facilita muito”.
As famílias dos utentes reconhecem o trabalho da equipa e o que pessoas como Soraia Garcia fazem pelos mais velhos. Infelizmente, lamenta, nem sempre a comunidade reconhece a importância da profissão geriátrica. “Esta área é um mundo de oportunidades e é a profissão do futuro. Devia haver mais jovens a fazer o que eu faço todos os dias, é um trabalho bonito e importante. Os nossos pais vão passar por isto. E nós também um dia. Por isso devíamos apostar mais nas formações de geriatria”, defende. A morte é uma faceta inevitável do trabalho com os mais velhos e conseguir lidar com ela é muitas vezes a maior dificuldade. “Por vezes ficamos tristes mas é assim que a vida funciona e temos de seguir em frente”, refere.
A pandemia foi o período mais complicado que se viveu na instituição, onde aconteceram vários surtos. “Sofremos um surto muito grande e não sabíamos como íamos para casa. Trabalhávamos 12 horas dentro de fatos especiais, debaixo de muito calor, não foi fácil. Tive muito medo nessa altura”, conta.

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