Catarina Ramos emigrou com a mãe aos 14 meses para Otava, capital do Canadá, onde viveu até aos 20 anos. De dois em dois anos vinha de férias a Portugal, sobretudo à Golegã, terra dos avós maternos. Recorda-se de passar as férias com os primos nas praias da zona de Lisboa e andar com o avô materno na horta e a vindimar. Aos 20 anos decidiu regressar a Portugal para estudar e trabalhar. Queria experimentar viver deste lado do Oceano Atlântico. A mãe não gostou da ideia mas Catarina Ramos estava decidida.
Licenciou-se em Línguas e Literaturas Modernas Francês e Inglês mas nunca lhe passou pela cabeça dar aulas. Pensava que o seu futuro iria passar pelas Relações Internacionais mas a vida levou-a para o ensino. “Quando entrei numa sala de aula, no final, a sensação foi espectacular. Decidi naquele momento que era o que queria fazer profissionalmente”, conta a O MIRANTE.
Catarina Ramos, 49 anos, diz que se nunca tivesse visitado Portugal talvez ainda hoje vivesse no Canadá. Mas voltar a viver lá é uma hipótese que não está colocada de lado. Casada e com dois filhos, uma menina de 12 anos e um menino de cinco, vai ver o que a vida lhe vai proporcionar. “A minha filha gosta da ideia. Onde eu vivia, em Otava, os invernos são muito rigorosos, com mais de 20 graus negativos, mas do outro lado da costa, junto ao Oceano Pacífico o tempo é parecido com Portugal”, explica.
Catarina Ramos é sócia-gerente do The Learning Spot, em Abrantes, desde 2011 quando fundaram o espaço, no Edifício São Domingos. As sócias já eram professoras de línguas noutro instituto que entretanto fechou. Nessa altura decidiram arriscar e abriram o The Learning Spot, instituto de línguas que prepara os seus alunos para os exames de Cambridge. Actualmente têm cerca de 150 alunos divididos nas aulas de Inglês, Francês, Alemão e Português para estrangeiros. Já deram aulas de Mandarim e Espanhol mas deixou de haver interessados nestas duas últimas línguas.

Deixou o ensino público há 11 anos
A professora deixou de leccionar no ensino público há cerca de 11 anos e dedica-se apenas ao instituto de línguas. Os dias de Catarina Ramos são passados entre aulas de Inglês e a parte administrativa do instituto. Cada turma não tem mais de 12 alunos, o que para a professora é uma vantagem. “O facto das turmas serem pequenas é uma vantagem sobretudo para os alunos porque é mais fácil aprenderem a matéria. Quando temos alunos com maiores dificuldades damos aulas só com esse aluno, para que seja mais fácil para ele”, explica.
Catarina Ramos diz ser fundamental dominar mais do que uma língua nos dias que correm. As empresas, incluindo estrangeiras, contratam pessoas tendo em conta as línguas que cada um domina. “É possível trabalhar no estrangeiro dominando uma ou mais línguas, como também se pode trabalhar em Portugal para o estrangeiro. Além disso, a parte informática e digital está toda a inglês. O inglês é uma língua quase tão importante como a nossa língua mãe”, ressalva, acrescentando que sugerem aos alunos que vejam filmes com legendas em inglês para se habituarem às palavras e aos sons.
Quando fala das memórias do Canadá lembra-se da comida e do cheiro. Visita o país com regularidade nas férias. Os filhos, à semelhança da mãe, têm dupla nacionalidade. Até há dois anos viveu na Golegã, terra natal do marido, altura em que se mudou para a zona de Vila Nova da Barquinha, para estarem mais perto de Abrantes.