Identidade Profissional | 20-04-2022 18:00

“É incrível a quantidade de raspadinhas que são atiradas para o chão”

António Dias é um rosto conhecido na vila de Alhandra, onde já trabalha na junta de freguesia há uma década

Perfeccionista e sem medo do trabalho, António Dias é um verdadeiro mestre dos sete ofícios. Vive no Sobralinho, trabalhou em cartografia e quando foi despedido acabou por arranjar emprego na Junta de Freguesia de Alhandra, onde agora é encarregado. Diz que manter a vila limpa e os espaços verdes cuidados não é tarefa fácil mas que a comunidade pode ajudar.

Alhandra é uma das localidades mais bonitas do concelho de Vila Franca de Xira mas pode ficar melhor se a população ajudar quem zela para a manter limpa e com os espaços verdes cuidados. A ideia é defendida por António Dias, 53 anos, encarregado na União de Freguesias de Alhandra, São João dos Montes e Calhandriz.
António Dias é um rosto conhecido da terra e diz que, apesar de todos os esforços da equipa, a falta de civismo de algumas pessoas acaba por prejudicar o trabalho de todos. “Algumas pessoas não se inibem de deitar o lixo no chão para depois alguém limpar. É incrível a quantidade de raspadinhas que são atiradas para o chão. Basta meia dúzia de pessoas para estragar todo o esforço que a comunidade faz para ter tudo arranjado e limpo”, confessa.
António Dias é uma pessoa perfeccionista que lida mal com o desenrasque e o empurrar do trabalho com a barriga. “Tudo tem de ser organizado e sou uma pessoa que não deixa para amanhã o que puder fazer hoje. Não gosto de adiar o trabalho. Por muito que ele custe não se deve adiar. A vida ensinou-me assim. É importante não adormecer e fugir do trabalho”, conta a O MIRANTE.
Tem 53 anos, nasceu em Lisboa mas cedo se mudou para o concelho de Vila Franca de Xira. Desde que casou que reside no Sobralinho, terra que diz ser muito boa para viver mas onde, confessa, nunca visitou o palácio, considerado o ex-líbris da localidade.
Trabalhou 25 anos numa firma de cartografia em Lisboa onde era fotogrametrista, fazendo mapas e alguns trabalhos topográficos. “Em 2011 houve uma grande alteração dos equipamentos e passou tudo a ser muito mais tecnológico. Nesse momento o patrão fez uma razia na empresa e como eu era o mais velho fui incluído. Mandaram tudo embora para meter novos trabalhadores a recibos verde”, recorda.
António Dias esteve desempregado e como sempre soube fazer de tudo um pouco, da electricidade à canalização, acabou por ser colocado pelo Centro de Emprego na Junta de Freguesia de Alhandra. Ao fim de seis meses foi colocado no quadro e já lá vai mais de uma década de serviço.

Raramente se consegue desligar
Diz adorar a sua profissão e não se vê a fazer outra coisa. “Sempre fui uma pessoa desenrascada, que fazia de tudo um pouco, e aos fins-de-semana nunca era capaz de estar parado”, confessa. Tira-o do sério a falta de brio e quem não se esforça por cumprir o seu trabalho da melhor forma. Raramente consegue desligar do trabalho e chega a acordar a meio da noite a pensar como vai resolver alguns trabalhos do dia seguinte.
A manutenção dos espaços verdes é uma das grandes dores de cabeça da sua equipa. “Cortamos e passado pouco tempo está tudo novamente a precisar”, lamenta o responsável que tem, entre outras funções, a coordenação da equipa, transporte de pessoal, orientação do trabalho e realização das folhas de horas. Admite que nem sempre é possível agradar a todos mas que toda a gente dá o seu melhor.
“Vale mais fazer pouco e bem do que muito e ficar tudo mal feito. Se alguém nos pede para tratar de uma calçada temos de ir ao local e deixá-la em condições, senão teremos de lá voltar uma segunda ou terceira vez. Se vamos uma vez é para deixar bem feito”, defende.
Quando era pequeno sonhava ser piloto de testes de automóveis. Ainda hoje é um apaixonado por carros e por conduzir, seja de dia ou de noite. “Gostava de ter um carro antigo, um dos primeiros Mini por exemplo. Só por brincadeira, para usar aos fins-de-semana e ir a uns convívios e passeios. Gosto muito de me dar com outras pessoas”, conclui.

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