Identidade Profissional | 07-02-2022 07:00

Farmacêuticos têm um importante papel no sistema de saúde que deve ser reconhecido

Jaime Oliveira é farmacêutico e gerente da Farmácia Santarém

Jaime Oliveira, 24 anos, é um jovem farmacêutico de Santarém que chegou à profissão em plena pandemia.

Jaime Oliveira, 24 anos, é um jovem farmacêutico de Santarém que chegou à profissão em plena pandemia. Não tem dúvidas que o contexto veio evidenciar a importância destes profissionais na saúde pública e defende que as farmácias comunitárias têm o dever de se preocupar com as pessoas e não abusar nos preços de venda de produtos. Criado desde muito novo entre prateleiras e gavetas de medicamentos, é hoje o responsável que assegura que nenhum medicamento falta.

Os farmacêuticos comunitários estão a ter, com a pandemia de Covid-19, uma oportunidade única de se valorizar enquanto especialistas do medicamento, mas também enquanto profissionais que têm um papel importante dentro do sistema de saúde. Quem o diz é Jaime Oliveira, farmacêutico e gerente da Farmácia Santarém, esclarecendo que estes profissionais são “muito mais do que simples dispensadores de medicamentos”.
“A testagem é um exemplo de que se pode recorrer aos farmacêuticos ao invés de se sobrecarregar médicos e uma unidade de saúde”, sublinha o jovem farmacêutico, adiantando que a Farmácia Santarém tem realizado uma média diária de 330 testes rápidos e gratuitos à Covid-19, com acesso, na hora, ao certificado de testagem e respectiva comunicação ao Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (SINAVE).
A gerir uma equipa de sete profissionais, dos quais mais dois são farmacêuticos, uma técnica de farmácia e três técnicas auxiliares de farmácia, Jaime Oliveira diz que, apesar do desgaste e do aumento do fluxo de trabalho, “as farmácias, no geral, estão a demonstrar que se conseguiram adaptar a esta nova realidade” e ser um pilar fundamental no controlo de novos surtos. Defende, por isso, que a testagem comparticipada deve continuar.
Jaime Oliveira confessa que é daqueles profissionais que acorda e se deita a pensar no trabalho, sobretudo agora, nesta fase em que além de ser o responsável exclusivo pela gestão diária de stock de medicamentos tem incumbida a tarefa de registar no SINAVE mais de três centenas de testes por dia. O horário de trabalho, que tem sofrido sucessivos alargamentos nesta fase, estende-se muitas vezes até casa porque não consegue descansar sem ter todas as tarefas concluídas. Mas não é por isso que não tem a noção que trabalhar compulsivamente não é saudável e que com o passar dos anos terá que abrandar o ritmo.
Embora seja farmacêutico há cerca de um mês, o ambiente das farmácias comunitárias não lhe é de todo estranho. Nascido no seio de uma família que gere cinco farmácias, em Santarém, Almeirim e Chamusca, há mais de três décadas, está mais do que familiarizado com o atendimento ao cliente e com a exigência das tarefas que desempenha. “Já trabalhava cá há um ano, mas desde os meus oito anos que me lembro de estar numa farmácia a ajudar a minha mãe a pôr os medicamentos nos sacos e a entregar às pessoas. Gosto mesmo do que faço e de ter o sentimento de que estou a ajudar a melhorar a vida das pessoas”, afirma.

“Uma farmácia tem o dever de se preocupar com as pessoas”

Entre o registo de testes rápidos e a gestão de stock Jaime Miguel atende uma média de 100 representantes de laboratórios por mês com o objectivo de lhe venderem os seus medicamentos. Neste campo a decisão é fácil: “É política das nossas farmácias optar por laboratórios portugueses e por medicamentos com menor custo para o cliente”.
“Uma farmácia tem o dever de se preocupar com as pessoas” e de ter sensibilidade para situações de carência, vinca. “No nosso caso, apesar de as margens de lucro da venda de medicamentos serem curtas, aplicamos um desconto de 10% em todos os medicamentos”, diz, lembrando que qualquer cidadão carenciado pode pedir o cartão ABEM, que trouxe a possibilidade de as pessoas levarem os medicamentos de forma gratuita.
Sem entrar muito a fundo no facto de a dispensa de medicamentos ter deixado de ser economicamente viável para as farmácias Jaime Oliveira não deixa de considerar que “o negócio do medicamento é difícil de controlar para os donos de farmácias”, que têm tido cada vez menor margem de lucro na venda. “Num medicamento que custa 50 euros e outro que custa 500 euros a margem de lucro da farmácia é a mesma, são chamadas as margens regressivas”, salienta, acrescentando que nos preços dos medicamentos e produtos vendidos em farmácia que podem controlar optam por praticar um valor mais baixo.

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