Identidade Profissional | 03-10-2022 07:00

Paulo Reis fez crescer um mar de lavanda no Ribatejo

Paulo Reis, na foto com a esposa Sueonne Beller e o filho, Matheus, apaixonou-se pelo sector das flores há mais de cinco anos. Há cerca de cinco anos que vive em Portugal e lidera o projecto de expansão da Salm

Paulo Reis apaixonou-se pelo sector das flores há mais de duas décadas. Há cinco anos veio para Portugal liderar o projecto de expansão da Salm, empresa holandesa de produção e comercialização de flores, nos campos do Ribatejo. A gerir mais de 50 hectares de produção e uma média de 100 pessoas, diz que saber delegar tarefas, cultivar na equipa um espírito de equipa e manter um ambiente de trabalho produtivo e saudável é fundamental para o sucesso de uma empresa.

Cultivar um ambiente de trabalho positivo onde se pensa no bem-estar do trabalhador, se delegam tarefas e se fomenta o comprometimento e o trabalho em equipa são o adubo para que uma empresa cresça de forma sustentável e alcance o sucesso. A convicção é de Paulo Reis, 43 anos, engenheiro agrónomo e gestor operacional da Salm Portugal, filial da gigante holandesa de produção de lavanda, que está sediada no concelho de Salvaterra de Magos. “Fui trazendo para Portugal muito do que vi na Holanda, onde o comprometimento de uma pessoa da limpeza ao do gerente é igual dentro de uma empresa, ou seja, se um não fizer o outro toma a iniciativa e faz”, começa por dizer a O MIRANTE depois de já ter organizado os objectivos que cada trabalhador tem que cumprir ao dia e à semana.
A gerir 70 trabalhadores fixos, número que mais que duplica durante a campanha da lavanda – que decorre de Fevereiro a finais de Maio – Paulo Reis tem que garantir, diariamente, que cada um está no lugar certo à hora certa, a cumprir o que está planeado. Controla as toneladas de terra que chegam em contentores por via marítima e assegura que as 19 empresas de transportes terrestres não falham sempre que é dia de exportar as plantas em vaso para a Holanda, país a partir do qual é feita a distribuição para o mercado mundial. Há um rigor constante, mas que não impede que tenha que lidar com dificuldades e contratempos como “uma máquina que avariou, uma estufa que não abriu ou um cano que rebentou”. Neste sector, sublinha, até uma alteração no clima pode ser fatal para uma produção se não se agir no momento, reforçando a rega ou aquecendo as plantas.
Apesar de ouvir constantemente empresários que se queixam da falta de mão-de-obra, o gestor operacional garante que esse problema não afecta a Salm em Portugal. “Empregamos famílias inteiras e mantemos uma rede de contactos o ano todo para que quando é preciso aumentar o número de trabalhadores não tenhamos que andar à procura”, afirma, acrescentando que na Salm “se exige sem rebaixar, gritar ou humilhar porque ter trabalhadores que se sentem bem faz a diferença total”. Além disso, sustenta, pequenos gestos como ter-se criado uma sala para uma happy-hour no final do dia de trabalho também ajuda a manter as pessoas felizes.
Natural de Goiás, no Brasil, Paulo Reis soube desde muito novo que queria seguir as pisadas da família e trabalhar numa actividade agrícola. Depois de ter frequentado o curso técnico agrícola e de se licenciar em engenharia agrónoma emigrou para a Holanda, aos 19 anos, com o sonho de entrar no negócio da produção de flores. “Demorou quatro anos”, conta, explicando que nesse tempo dedicou-se a estudar inglês, holandês e fez uma pós-graduação MBA (Master Business Administration) em agro-negócio. Antes de ingressar na Salm trabalhou noutras duas grandes empresas do sector das flores, a Florimex e a Nieuwkoop, ambas sediadas na Holanda e que lhe permitiram conhecer o negócio de A a Z. A experiência, afiança, enriqueceu o seu currículo e conhecimentos mas sem o apoio da sua esposa, Sueonne Beller, e o filho Matheus o seu sucesso profissional não teria sido possível.

Produção amiga das abelhas e do meio ambiente
Com mais de 50 hectares de produção ao ar livre e em estufa a lavanda produzida nestes campos representa 30% da produção da Salm, que é líder no mercado mundial na produção e exportação da famosa planta lilás, muito procurada pelo perfume das suas flores. Uma percentagem que tem vindo a crescer desde que há cinco anos Paulo Reis se mudou com a família da Holanda para Portugal, onde o clima ameno é favorável à produção ao ar livre. “Enquanto que na Holanda a colheita é feita a partir de Junho, cá já se colhe a partir de Fevereiro”, diz, explicando que depois desta campanha há a de mini-frutos, pinheiros de Natal e de Ilex (azevinho).
Na Salm trabalha-se de mãos dadas com o meio ambiente através de métodos sustentáveis e biológicos para o controlo de pragas e outras doenças das plantas que formam tapetes de flores fascinantes pela cor vibrante e cheiro intenso. Prova disso, sublinha Paulo Reis, são as milhares de abelhas obreiras que circundam as flores para a coleta de pólen, que fazem da Salm um projecto Bee Friendly (amigo das abelhas).

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