Identidade Profissional | 18-05-2022 21:00

“Somos gente de bem que não aguenta ver animais a sofrer”

Luísa Roque é uma das voluntárias da Associação dos Amigos dos Animais de Vila Franca de Xira

Luísa Roque é uma das voluntárias da Associação dos Amigos dos Animais de Vila Franca de Xira e uma das cuidadoras autorizadas pela câmara municipal a zelar por uma das colónias de gatos de rua na Quinta da Mina. Desmistifica a ideia de que os cuidadores só ligam a animais, diz não poder com a malvadez para com os animais e afirma que numa sociedade evoluída nunca existiriam animais de rua.

Numa sociedade evoluída nunca existiria o problema das colónias de animais, pelo que o papel dos cuidadores autorizados pelo município é fundamental, considera Luísa Roque, voluntária da Associação dos Amigos dos Animais de Vila Franca de Xira (AAAVFX). Luísa Roque é uma das pessoas autorizadas pela câmara municipal a alimentar, manter e vigiar uma das colónias de gatos de rua existentes na cidade, junto ao estacionamento da Quinta da Mina. “As pessoas precisam de ver e sentir que são animais que têm tanto direito a cá andar como nós. Os gatos e os cães não fazem guerras mas sim o ser humano. Nunca vi um gato pegar numa arma. Os animais apenas pedem comer”, explica.
Todas as semanas Luísa Roque viaja de autocarro do Porto Alto, onde reside, até Vila Franca de Xira, carregada de ração para os gatos de rua e faz a ponte com os serviços médico-veterinários do município no que toca à identificação de novos animais que precisam de esterilização ou apoio médico. “Entendo que há pessoas que não gostam de ver estas colónias de rua mas os animais andam cá e por isso têm de ser cuidados e alimentados porque não têm culpa de cá estarem. Se não os abandonassem eles não estavam nas ruas”, defende. A voluntária diz que o ser humano ainda precisa de trabalhar a bondade e o coração para com o outro. “O problema é de toda a sociedade e não apenas dos voluntários. Nem devia ser um problema nosso. Toda a sociedade devia cuidar destes animais”, defende.
Luísa Roque tem 56 anos e trata de colónias de gatos abandonados há mais de uma década. O seu primeiro emprego foi num armazém de cereais. Depois trabalhou numa empresa de artes gráficas e foi ajudante de lar e centro de dia. Actualmente é ajudante de cozinha num restaurante. O seu emprego de sonho era trabalhar com animais, por exemplo, como veterinária ou a cuidar de animais num canil ou zoológico.

Atiravam animais por cima de portão
Tomou contacto com a AAAVFX aos 18 anos e fez-se membro da associação. Chegou a colaborar com o canil e gatil que a associação teve na Quinta dos Remédios, em A-dos-Bispos. “Havia gente a parar os carros e a atirar os animais por cima do portão para dentro da quinta”, lamenta. Quando a dona do terreno precisou do espaço os animais mudaram-se para as Quintas, na Castanheira do Ribatejo, mas a proximidade de habitações levou a um aumento das queixas por causa do ruído. A maioria dos animais foi para famílias de acolhimento e para o canil municipal e o espaço fechado. Foi cedido um terreno à associação na Castanheira do Ribatejo, para que esta pudesse criar as suas próprias instalações de acolhimento mas não tem luz, água nem acessos em condições.
O sonho de Luísa Roque era que algum amigo dos animais pudesse ceder um terreno em Vila Franca de Xira, acessível, onde pudessem resgatar das ruas alguns dos animais em maior perigo. “Muita gente pensa que somos um bando de mulheres lunáticas que só querem alimentar os gatinhos mas não é verdade. Queremos ajudar toda a gente, seja uma criança ou um idoso. Quem nos procura é ajudado. Somos gente de bem que não aguenta ver animais a sofrer”, explica.
A voluntária garante que a vontade de ajudar os animais nasceu consigo e não tem cura. Em casa tem quatro gatos. “Tira-me do sério quando fazem mal a um animal, um idoso ou uma criança. Quando vejo alguém a magoar um ser que não se pode defender salta-me a tampa. Já enfrentei muita mal-criadice”, lamenta.
Com a pandemia começaram a aparecer mais animais abandonados, garante a voluntária que diz ser a voz activa dos animais que não têm voz. “Não abandonem os animais. Se pedirem ajuda às associações é melhor do que abandonarem os animais na rua. Se não fossem os voluntários a situação era pior”, considera. No meio de tudo há também finais felizes, de quem apareceu junto da colónia de Luísa Roque e adoptou alguns animais.

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