Internacional | 23-08-2022 11:59

Vinte e quatro coelhos bravos deram origem a uma “praga” de mais de duzentos milhões  

FOTO ILUSTRATIVA – FOTO DR

Invasão biológica do coelho europeu na Austrália iniciou-se há pouco mais de cento e cinquenta anos

Uma equipa internacional, liderada por investigadores do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (CIBIO-InBIO), desvendou a razão pela qual foram necessários mais de 70 anos para se verificar a invasão do coelho europeu na Austrália. 

Em comunicado, o centro da Universidade do Porto esclarece que o estudo, publicado hoje na revista americana PNAS, decifra o “mistério” da invasão do coelho europeu no continente australiano.  

“A colonização da Austrália pelo coelho europeu é uma das invasões biológicas mais famosas da história”, salienta o centro, lembrando que a espécie foi levada para aquele continente, pela primeira vez, em 1788, mas que só na segunda metade do século XIX o coelho europeu “se tornou uma peste”.  

“A expansão, que cobriu uma área 13 vezes maior que a Península Ibérica, mudou irreversivelmente a paisagem Australiana e deixou um rastro de destruição nos ecossistemas e propriedades agrícolas”, refere.  

A investigação internacional, liderada por investigadores do CIBIO-InBIO e das Universidades de Cambridge e Oxford, combinou dados de ADN com documentos históricos, tendo demonstrado que a invasão foi “desencadeada pela acção de uma única pessoa: Thomas Austin”, um emigrante britânico que, em 1859, importou 24 coelhos de Inglaterra.  

“A história era célebre, mas a evidência do papel de Thomas Austin na invasão era difusa porque há registo de outras introduções. No entanto, o perfil genético dos coelhos australianos permitiu-nos rastrear a origem da invasão precisamente à propriedade onde Austin viveu, no sudoeste da Austrália”, afirma, citado no comunicado, Joel Alves, primeiro autor do artigo e investigador do CIBIO-InBIO. 

No estudo, os investigadores conseguiram ainda seguir a linhagem genética dos coelhos e chegar à vila onde Austin nasceu em Inglaterra e de onde os coelhos foram capturados para serem, posteriormente, transportados para a Austrália.  

Uma análise da composição genética dos coelhos revela que estes tinham uma “origem maioritariamente selvagem”, característica que, defendem os autores, Austin “escolheu propositadamente”, uma vez que pretendia usá-los para a caça

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