Salários de muitos portugueses impedem-nos de sair da pobreza
Comissão Nacional Justiça e Paz, defende que é fundamental a criação de empregos justamente remunerados, mais do que a atribuição de subsídios estatais.
A Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP) alertou hoje que “o salário de muitos trabalhadores portugueses não lhes permite superar a pobreza”.
Para a CNJP, órgão dependente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), “alterar esta situação deverá ser um verdadeiro desígnio nacional que mobilize a sociedade civil e as autoridades políticas”.
“De empresários e trabalhadores são exigidos esforços no sentido da melhoria da produtividade e da formação profissional. Mas a valorização dos salários também depende de uma mais justa repartição de rendimentos, da atribuição de uma maior parcela desses rendimentos aos do trabalho”, defendeu a Comissão presidida por Pedro Vaz Patto.
Numa nota a propósito da conferência a realizar em Lisboa no dia 21 de Janeiro, subordinada ao tema “Salários Justos Contra a Pobreza – Trabalhadores e Empresários Cristãos em Diálogo”, a CNJP, destaca a importância do diálogo entre trabalhadores e empresários cristãos, no pressuposto de que “a comum inspiração nos princípios da doutrina social da Igreja não pode deixar de traduzir-se nalgumas formas de consenso”.
“São da maior relevância os princípios da doutrina social da Igreja que devem inspirar a temática do salário justo como forma de superar a pobreza. Esses princípios partem do primado da pessoa. A economia, a empresa e o trabalho devem servir as pessoas, e não o contrário. A justiça do salário não decorre necessariamente do consentimento das partes e das regras do mercado”, acrescenta o comunicado hoje divulgado.
Segundo a Comissão Nacional Justiça e Paz, “a criação e manutenção de postos de trabalho é uma forma de concretizar a função social da propriedade privada e o destino universal dos bens. No combate à pobreza, é fundamental a criação de empregos justamente remunerados, mais do que a atribuição de subsídios estatais”.