Nacional | 18-05-2023 10:07

Já há quase um milhão e setecentas mil pessoas sem médico de família

Já há quase um milhão e setecentas mil pessoas sem médico de família

Aposentações de médicos e falta de capacidade do Serviço Nacional de Saúde (SNS) para atrair especialistas são as causas apontadas

O número de utentes sem médico de família aumentou 29% num ano, ascendendo agora a quase 1,7 milhões, devido a aposentações e à falta de capacidade do Serviço Nacional de Saúde (SNS) para atrair especialistas.

Segundo o portal da transparência do SNS, em abril de 2022 um total de 1.299.016 milhões utentes não tinham médico de família atribuído, número que aumentou para 1.678.226 um ano depois.

Perante isso, o número de utentes acompanhados por esses especialistas de medicina geral e familiar baixou de cerca de 9,1 milhões para pouco mais de 8,8 milhões no mesmo período, indicam os dados oficiais.

Para o presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF), esta situação deve-se, simultaneamente, a uma vaga de aposentações dos especialistas que está a ocorrer nos últimos anos e à falta de atratividade do SNS para reter os médicos de família recém-formados e para atrair os que estão atualmente fora do serviço público.

Face a estes dois fatores, “todo o sistema que deveria ser baseado nos cuidados de saúde primários passa o foco para os hospitais e serviços de urgência, que também têm falta de recursos humanos e não são concebidos para este tipo de resposta”, disse à agência Lusa Nuno Jacinto.

A falta de médicos de família está, alertou Nuno Jacinto, a obrigar os utentes a aceder ao SNS “por um local onde não deveriam entrar” – os hospitais -, “pervertendo” todo o sistema e sobrecarregando os profissionais de saúde de um modo geral.

O Governo abriu todas as 978 vagas de medicina geral e familiar, para reter os recém-formados, mas também para atrair especialistas que não estejam no SNS, mas já admitiu que apenas fiquem colocados nas unidades públicas de saúde entre 200 e 250 dos 355 médicos que acabaram agora a sua especialidade.

“É bom que o Governo tenha aberto todas as vagas disponíveis. É a primeira vez que isso acontece e é um bom sinal, porque significa que a tutela assume a verdadeira dimensão do problema”, respondeu Nuno Jacinto, ao salientar que “faltam quase mil médicos de família” no SNS.

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