Nacional | 03-10-2023 10:50

Queixas contra actuação das polícias quase duplicaram em seis anos

Queixas contra actuação das polícias quase duplicaram em seis anos

Em 2022 não se registaram situações de “detenção ilegal” e “morte”, mas os casos de violência doméstica em que estão envolvidos polícias totalizaram 46, mais seis do que em 2021.

As queixas contra a actuação das polícias quase duplicaram nos últimos seis anos, passando de 772 em 2017 para 1.436 no ano passado, revelam dados da Inspecção-Geral da Administração Interna (IGAI).

Os dados deste organismo que fiscaliza a actividade das polícias, a que agência Lusa teve acesso, indicam que a PSP é a força de segurança com maior número de queixas, tendo dado entrada na IGAI 538 participações contra a actuação dos agentes da Polícia de Segurança Pública em 2021, seguindo-se a Guarda Nacional Republicana, com 427, e o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, com 233.

A IGAI avança que em 2022 recebeu 1.436 queixas contra a actuação dos elementos das forças de segurança, o maior número dos últimos seis anos e um aumento de 22,3% em relação a 2021.

“Desde 2017, o número de processos administrativos com origem em queixas/participações à IGAI tem vindo anualmente a aumentar e, comparando os dados de 2022 (1.436) com os dados de 2021 (1.174), regista-se uma subida significativa na ordem dos 22,32%”, destaca aquele organismo liderado pela juíza desembargadora Anabela Cabral Ferreira.

Em 2017, chegaram à IGAI 772 denúncias, que subiram para 860 em 2018, voltando a aumentar no ano seguinte para 950 queixas, e em 2020 registaram um novo aumento totalizando 1.073.

A maior parte das queixas que chegaram à IGAI em 2022 são denúncias apresentadas por cidadãos, num total de 639, dando também entrada neste organismo 315 participações das entidades judiciárias, 290 de entidades privadas e 69 da Direcção-Geral da Reinserção e Serviços Prisionais.

Segundo a IGAI, quase metade das queixas (48%) contra a actuação das forças de segurança estiveram relacionadas com a violação de deveres de conduta (procedimentos ou comportamentos incorrectos), tendo dado entrada um total de 690, 254 das quais dirigidas a elementos da PSP, 199 a militares da GNR e 191 a inspectores do SEF.

As ofensas à integridade física foram o segundo tipo de denúncia mais apresentado em 2022, correspondendo a 14,3% do total de participações contra a actuação das polícias, seguido de assuntos de natureza interna ou profissional, 95 queixas.

A IGAI recebeu também no ano passado 14 queixas relacionadas com práticas discriminatórias, 11 das quais contra a PSP.

A IGAI destaca o facto de não se terem registado em 2022 situações de “detenção ilegal” e “morte”, mas os casos de violência doméstica em que estão envolvidos polícias totalizaram 46, mais seis do que em 2021.

A IGAI tem como missão assegurar as funções de auditoria, inspecção e fiscalização de todas as entidades, serviços e organismos tutelados pelo MAI.

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