Nacional | 11-08-2022 10:51

Documentário que estreia hoje mostra fauna e flora do ‘Montado’ como nunca foi vista 

FOTO ARQUIVO

Filmado durante três anos em toda a Península Ibérica revela um dos mais importantes santuários da biodiversidade com 170 espécies de aves, 24 espécies de répteis e anfíbios, e 37 espécies de mamíferos.

O documentário cinematográfico “Montado”, uma produção luso-espanhola realizada por Joaquín Gutiérrez Acha, que se estreia hoje nos cinemas, é “absolutamente inédito” e o mais caro alguma vez feito em Portugal sobre temas da natureza. 

O filme “Montado”, que levou mais de três anos a concluir, é uma produção que se centra nesse ecossistema que ocupa um terço de toda a área florestal da Península Ibérica (56% em Portugal e 44% em Espanha) e que tem como estrelas o Lince Ibérico e toda a flora e fauna que acompanha o Montado entre Portugal e Espanha, disse à Lusa a produtora Pandora da Cunha Telles. 

“É um documentário absolutamente inédito, porque rodámos durante três anos e porque nunca se fez um documentário de natureza com um orçamento tão significativo. O projecto está orçamentado em quatro milhões de euros”, revelou. 

O processo de filmagem teve diferentes velocidades para que fosse possível “apreender a natureza como ela existe. Um voo de uma ave, um salto de uma rã, são coisas que ao nosso olhar é um micro segundo, mas quando filmamos a uma velocidade diferente, temos a capacidade de compreender a trajectória real destes animais dentro deste ecossistema, que é algo que normalmente não conseguimos ver ao olho humano”. 

Segundo a produtora, esse talvez tenha sido o “maior desafio” do documentário, que é produzido por Wanda Natura e Ukbar Filmes, e narrado por Joana Seixas. 

O Montado – que em Portugal existe no Alentejo, mas também junto ao Douro e ao Guadiana – é um dos principais ecossistemas em Portugal e Espanha, equiparado à Amazónia em termos de espécies: é hoje um dos 35 santuários mundiais da biodiversidade e tem 170 espécies de aves, 24 espécies de répteis e anfíbios, e 37 espécies de mamíferos. 

Além disso, “a nível ambiental, fixa 14 milhões de toneladas de CO2 por ano e, neste momento em que se fala tanto de incêndios, o Montado é importante porque acaba por combater o aquecimento global e a desertificação, porque controla a erosão e regula o ciclo hidrológico, das chuvas”, destacou Pandora da Cunha Telles, que, juntamente com Pablo Iraola, co-produziu o filme, cuja produção esteve a cargo de José María Morales. 

Uma das novidades que este documentário traz é focar-se no Montado como um ecossistema natural, já que normalmente o que aparece associado ao Montado é o “lado de exploração comercial, do ponto de vista económico”, ligado ao vinho e à cortiça, principalmente. 

O Montado garante a Portugal um “rendimento enorme”, de mais de 900 milhões de euros por ano, e é por isso que “estamos habituados a ver o Montado como um ecossistema económico” e não focado “na natureza e na sua dinâmica animal e vegetal”, como este filme agora faz. 

Criado por acção humana há centenas de anos, para criar meios de subsistência e defesa, e aproveitamento de recursos, para as populações, o Montado é um ecossistema semi-natural, a cuja construção as espécies animais e vegetais se adaptaram.

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