Nacional | 22-01-2022 12:49

Há bens arqueológicos a ser adulterados para valorizar imóveis

Há bens arqueológicos a ser adulterados para valorizar imóveis

Alerta chama a atenção para o que se passa um pouco por todo o país.

Dois arqueólogos alertaram hoje para “uma cenarização do património” a decorrer em muitas zonas urbanas do país, como uma forma de valorização imobiliária que destrói ou adultera os bens arqueológicos.

“Os metros quadrados valem muito e a existência de bens arqueológicos pode ser uma mais-valia na sua valorização patrimonial. Para não incomodar, ou são destruídos previamente ou são completamente reinventados para recriar um ambiente útil e vendável numa perspectiva do mercado imobiliário”, disse, em declarações à agência Lusa, Luís Raposo, arqueólogo e presidente do Conselho Internacional de Museus da Europa.

Jorge Custódio, investigador do Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa, partilha da opinião e alerta para o novo paradigma de mercantilização dos valores patrimoniais, criando cenários mais atractivos.

Para Luís Raposo há uma corrente de promoção urbana generalizada de valorização do território tirando partido dos vestígios patrimoniais, mas adulterando-os.

“Inventa-se património a partir de algo que não existe ou que existia como ruína”, disse, adiantando que o país “há muito que se confronta com uma política de rentabilização do mercado imobiliário através do chamado ‘fachadismo’”, ou seja, com a destruição do interior dos edifícios mantendo apenas as fachadas.

Agora, segundo o especialista, há uma nova e pior corrente de destruição completa dos imóveis com a indicação de que será de novo construído como se tratasse de uma reconstrução patrimonial, quando, na verdade, é uma rentabilização mercantil do imobiliário.

E dá um exemplo. “Seria completamente absurdo reconstruir a igreja do Carmo em Lisboa, porque é como ruína que é memoria, é assim que é percebida e é assim que é valorizada socialmente”.

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