Nacional | 03-08-2022 10:34

Matéria orgânica nos solos é fundamental para captar e reter água 

Matéria orgânica nos solos é fundamental para captar e reter água 

Estima-se que 58% do território português está em risco de desertificação e parte das emissões de gases estufa é resultante de mudanças no uso das terras

A matéria orgânica nos solos, nomeadamente resíduos vegetais e animais, é fundamental para captar e reter água, e contribui para mitigar os efeitos das alterações climáticas, diz a professora e investigadora Maria José Roxo.

Professora catedrática da Universidade Nova, investigadora na área da desertificação, degradação de ecossistemas ou alterações climáticas, admite que Portugal tenha uma “vasta extensão de solos muito degradada”, resultado de anos de mau uso da terra.

O alerta faz parte de um documento hoje divulgado pelo movimento internacional “Salve o Solo”, que defende como solução para problemas relacionados com agricultura ou impacto das secas o aumento do teor de matéria orgânica no solo português entre 03 a 06%.

A degradação dos solos, diz a professora, relaciona-se com tipos de solo, de vegetação e de relevo, questões climáticas (chuvas fortes e secas prolongadas) e práticas de uso.

“Em síntese, um mau uso da terra, em que as medidas de conservação do solo no passado nunca foram uma prioridade. A acrescentar às ameaças actuais das monoculturas (olivais intensivos e super-intensivos, entre outras culturas), temos a ocorrência de incêndios, ambos levando à degradação de ecossistemas e recursos vitais como o solo e a água”, avisa Maria José Roxo.

A responsável salienta que a matéria orgânica, resíduos vegetais e animais, “é um dos elementos fundamentais para solos saudáveis e produtivos, oferece resistência ao impacto das gotas da chuva, e aumenta a capacidade de o solo reter água, além de dificultar a evaporação.

Solos saudáveis, com muita matéria orgânica, permitem a existência de coberturas vegetais que não só sequestram carbono da atmosfera como o armazenam.

Acrescentando que se estima que 58% do território português está em risco de desertificação, o movimento salienta o papel da agricultura nas emissões de gases com efeito de estufa: cerca de um terço das emissões de gases de efeito estufa desde 1850 pode ser directamente atribuído a mudanças no uso das terras no planeta.

“Desde os primórdios da agricultura, cerca de 133 gigatoneladas de carbono (GtC) foram lançadas para a atmosfera por via da perda de matéria orgânica e erosão do solo, e 379 GtC por via de desmatamento e queimadas”, diz.

Citando dados da ONU, o movimento afirma que a revitalização do solo pode reduzir as actuais emissões de gases com efeito estufa em 25–35% por ano, e que nesse processo podem reduzir-se os incêndios florestais.

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