O líder do PSD, Rui Rio, disse, a propósito dos apoios à comunicação social por causa dos prejuízos decorrentes da pandemia, que uma empresa de comunicação é como uma empresa de sapatos. A ideia dele já vem de longe. De quando era presidente da câmara do Porto. E não deixa de ser curioso verificar que, para alguns autarcas da região, nomeadamente os que tentam destruir os meios de comunicação que não lhes agradam, nem empresas de sapatos são, mas lixo que é preciso destruir, eliminar, queimar. Ou, quando muito, reciclar para fazer Boletins Municipais privados.
Para esses autarcas, a decisão do Governo, de canalizar verbas, mesmo que irrisórias, para a comunicação social local e regional, é um desperdício. Sabe-se que o dinheiro que pode vir a ser entregue aos órgãos de comunicação social é um pagamento antecipado de publicidade institucional. Mas como os autarcas da região, de que falo, não gastam dinheiro em publicidade institucional, nem para ajudar à sobrevivência de quem lhes publica todas as notas de imprensa, estamos nisto.
Uma coisa é a péssima qualidade de muita comunicação social e de muitos jornalistas, outra coisa é a existência de órgãos de comunicação social. Se as redes sociais se passarem a alimentar apenas das patranhas que alguns lá colocam e não houver comunicação social sujeita a regras e escrutínio, entraremos rapidamente num mundo muito feio. Basta olhar para o que se passou nestes meses de pandemia e tentar imaginar como teríamos passado sem jornais, televisões e rádios, apenas entregues ao que os manipuladores e cultores de teorias da conspiração foram inventando.
M. Bernardete Flores