O presidente do Comité Olímpico de Portugal, José Manuel Constantino, é o escolhido pela redacção de O MIRANTE para Personalidade do Ano de 2021, pelo papel que tem tido no desenvolvimento do desporto e na relevância dos atletas portugueses de várias áreas a nível internacional. A escolha foi também determinada pela postura do dirigente que se destaca pela dedicação, pelo amor à sua terra e pela forma lúcida, frontal e humana com que está na vida profissional e pessoal.
José Manuel Constantino, 71 anos, licenciado em Educação Física desde 1975, é presidente do Comité Olímpico de Portugal desde 2013 e tem tido uma vida dedicada ao desporto, seja como atleta, seja como dirigente. Como atleta foi federado de futebol nos Leões de Santarém de 1962 a 1967, tendo prosseguido a sua ligação ao desporto com a entrada para secretário técnico da Direção do Sport Algés e Dafundo, em 1985, e para assessor da direção da Federação Portuguesa de Halterofilismo de 1986 a 1990.
Entre 2002 e 2005 foi presidente do Instituto do Desporto de Portugal, que acumulou, por inerência, com outros cargos de grande importância, como o de presidente do Conselho Nacional Antidopagem e presidente do Conselho Nacional contra a Violência no Desporto. José Manuel Constantino também contribuiu com a sua experiência para o ensino, tendo sido professor do ensino básico e docente do ensino universitário (1994-2002).
José Manuel Constantino foi ainda membro do Conselho Superior de Desporto, presidente do conselho de administração da empresa municipal Oeiras Viva e sua ligação ao sector empresarial municipal continua como vogal do conselho de administração da empresa municipal Parques Tejo, desde 2013. É também, desde 2010, membro do Conselho de Representantes da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.
Na mensagem que tem na página do Comité Olímpico de Portugal, José Manuel Constantino destaca a sua missão de criar pilares de estabilidade e confiança, destacando os resultados financeiros positivos e o desempenho da instituição. O presidente do comité salienta que a estabilidade “possibilitou alargar o nosso espectro de intervenção a domínios cruciais para a valorização social do desporto, entendido como desígnio determinante para colmatar debilidades sistémicas penalizadoras para o desenvolvimento do desporto no panorama político, social e económico português e, bem assim, para a sua competitividade no contexto internacional”.
Doutorado Honoris Causa pela Universidade do Porto e comendador da Ordem do Infante Henrique, José Manuel Constantino tem pautado a sua actuação pela defesa e valorização do desporto nacional a nível internacional. Já manifestou a intenção de recandidatar-se a mais um mandato em Março de 2022, até aos Jogos Olímpicos de Paris 2024.
José Manuel Constantino deixou Santarém aos 17 anos para ir tirar o curso superior de Educação Física em Lisboa, mas visita a cidade com regularidade. Teve uma passagem pela política, entre 1969 e 1975, nos movimentos de oposição democrática. Nesse período esteve muito ligado ao movimento estudantil. Conforme disse numa entrevista a O MIRANTE, desligou-se da política após o 25 de Abril por desencanto e por não se rever num conjunto de circunstâncias. “Tinha da política uma visão muito romântica, muito centrada em volta da construção de valores e de ideais, muito marcada pela minha formação de base essencialmente marxista. Nessa altura tive um confronto com a realidade e desencantei-me”, contou.
Apesar de ser uma pessoa discreta, José Manuel Constantino não deixa de pôr o dedo na ferida quando é necessário. Ainda recentemente veio dizer que o Governo deve reconhecer o trabalho que tem sido feito por atletas, treinadores e federações, que levaram a que Portugal tenha obtido os melhores resultados nos últimos Jogos Olímpicos, aumentando as verbas de financiamento olímpico. O dirigente revelou que se tem trabalhado com montantes financeiros que vêm sendo idênticos desde 2016.