O MIRANTE | 21-11-2019 07:00

“O futuro é algo inquietante que nos instiga a chegar mais rapidamente aos nossos objectivos”

“O futuro é algo inquietante que nos instiga a chegar mais rapidamente aos nossos objectivos”
32º ANIVERSÁRIO

Ricardo Gonçalves - Economista, 44 anos, Presidente da Câmara de Santarém

Sem rio Tejo não há Ribatejo e a resolução dos problemas do Tejo não tem sido uma prioridade. Por isso trabalhamos, tal como muitos outros, de forma a colocar o Tejo na ordem do dia. Relembro que, por iniciativa do município, a Assembleia Municipal de Santarém já reuniu sobre esta importantíssima temática, inclusive com a presença do Ministro do Ambiente.

Quando da construção da Ponte Salgueiro Maia o poder local não teve força para exigir que o Tejo se tornasse navegável até Santarém. Temos todos, nos dias de hoje, obrigatoriamente que inverter esta situação. Há um projecto que pensa o rio Tejo e a sua navegabilidade até Abrantes, o “Projeto Tejo – Aproveitamento Hidráulico de Fins Múltiplos do Tejo e Oeste”. Ainda subsistem algumas dúvidas ambientais que têm que ser rapidamente esclarecidas para que todos se possam unir na sua concretização.

Têm que se inverter políticas que prejudicam o interior. É inadmissível que constantemente sejam desviados, para os grandes centros, fundos comunitários que deviam ser usados para promover outras zonas do país. Santarém está a 70 quilómetros de Lisboa. É preciso perceber que demoramos menos tempo do aeroporto de Lisboa até Santarém do que até Sintra ou Oeiras, por exemplo. Santarém é sinónimo de qualidade de vida e bem-estar. E vamos ser dos concelhos médios que mais vão crescer economicamente e socialmente em Portugal na próxima década.

Fui para a Universidade em 1994 e não tinha nem telemóvel nem Internet. Os trabalhos ainda eram gravados em disquete. Tínhamos de fazer duas ou três cópias porque as disquetes estragavam-se muito e, sem razão aparente, não abriam os documentos. Tive o meu primeiro telemóvel em 1997. Hoje a nossa vida está muito facilitada a esse nível.

Sinto prazer em estar uma hora a mandar mensagens de Boas Festas aos amigos através do telemóvel. À família e amigos mais chegados faço um telefonema ou combino estarmos juntos. Postais em papel nunca enviei, talvez por toda a minha família ser de Santarém e nunca ter sentido essa necessidade.

Ainda não tenho um carro eléctrico. Quando, daqui a uns anos, tiver de trocar de carro logo decido mas acho que a questão ambiental vai pesar na decisão. Embora já existam boas soluções, acredito que ainda há um longo percurso a fazer no que respeita à atractividade daqueles veículos. E para a maioria dos portugueses ainda são caros.

Sempre trabalhei tal como os meus irmãos. Ajudava nas actividade agrícolas do nosso pai e quando já andava na faculdade fazia outros trabalhos nas férias de Verão. Acho importante a bagagem de experiência que adquirimos quando contactamos com o mundo do trabalho. A tempo inteiro comecei após terminar a licenciatura. Tinha 24 anos, acabados de fazer, e desde essa altura já mudei quatro vezes de trabalho.

Achei e acho um disparate o acordo ortográfico. Fui obrigado a adaptar-me mas confesso que sinto dificuldades.

Vivo na região desde que nasci, assim como a esmagadora maioria da minha família. Vivi em Lisboa durante os anos da Universidade e voltei. Gosto mesmo muito de viver em Santarém e foi aqui que decidi constituir família e criar os meus filhos. É com esta qualidade de vida que me identifico enquanto Ricardo e enquanto pai dos meus filhos. Quero que o Afonso e a Beatriz tenham raízes profundas em Santarém e estejam ligados às suas gentes e aos seus costumes.

A tourada é cultura e há toda uma tradição por detrás do espectáculo taurino. Os forcados, toureiros, cavaleiros, ganadeiros, aficionados, donos e trabalhadores de coudelarias e campinos constituem uma grande família que defende e ama os animais e as tradições. Aceito que existam outras opiniões e respeito-as enquanto tal. Não aceito que grupos de pessoas queiram impor a todo o custo as suas ideias e que para isso tentem ridicularizar e diminuir o que nos trouxe até aqui; até aos dias de hoje.

Trabalhamos e promovemo-nos como uma região forte e una. Mas tenho dito, desde sempre, que temos que ter, cada vez mais um ensino diferenciador para nos podermos alavancar e antecipar o futuro da região. Já o conseguimos em muitos patamares, mas acredito que no ensino superior ainda podemos ir mais além. Os dados são claros em Portugal e mesmo por essa Europa fora: os concelhos que têm ensino superior mais diferenciador crescem acima da média.

É fundamental criar a tão desejada NUTII Ribatejo e Oeste. Através dela a região ficará bem posicionada para os desafios futuros que se avizinham, nomeadamente o da regionalização, que espero que venha a ser uma realidade.

Há que lutar para tirar a linha do Norte da zona da Ribeira de Santarém. Isso é fundamental para ligar definitivamente Santarém ao Tejo. Tem que ser criada uma verdadeira e útil plataforma logística na região (chega de elefantes brancos) e fazer com que os comboios possam circular finalmente em segurança na linha do Norte sem estarmos preocupados com as encostas da cidade.

Neste momento temos em curso a requalificação urbana do nosso centro histórico, algo que já era esperado há mais de duas décadas. Fizemos uma grande aposta na cultura. Estamos a fazer uma grande aposta na requalificação de escolas e das infra-estruturas desportivas do concelho, com obras tão importantes como os pavilhões desportivos de Alcanede e de Pernes. Temos obras já em curso, outras em fase de projecto e outras já com as empreitadas em execução, como é o caso do mercado Municipal. Para o futuro temos que iniciar o programa aprovado em Assembleia Municipal para o CEIC (Campo Emílio Infante da Câmara) e para o ano já iremos apresentar estudos concretos nesse sentido.

Vamos garantir a constante evolução das zonas de desenvolvimento económico de Santarém. Com isso vamos continuar a captar cada vez mais empresas e alavancar as que já existem. Há ainda que construir o MAVU (Museu de Abril e dos Valores Universais) até 2024 e garantir que este museu se torna uma referência nacional e internacional. E, finalmente, há a necessidade de construir um novo e moderno pavilhão desportivo na cidade. O futuro é algo inquietante e que nos instiga constantemente a chegar mais rapidamente aos nossos objectivos.

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