O MIRANTE | 22-11-2019 07:00

“Há mais de século e meio que existem estudos para o desassoreamento do Tejo”

“Há mais de século e meio que existem estudos para o desassoreamento do Tejo”
32º ANIVERSÁRIO

José Miguel Noras - Economista, consultor e investigador, 63 anos - Presidente do Conselho de Curadores dos Centros Históricos Portugueses

Todas as vias levam a “povoamentos” e “despovoamentos”. Levam e trazem, bem entendido. Julgo que a “regionalização”, constitucionalmente prevista, será um bom antídoto para tão sério e gravoso problema nacional.

Contra a corrente, ainda recebo e envio cartas e postais de Boas Festas pelos CTT. Porém, os meios informáticos, a que recorro, para o efeito, são esmagadoramente maioritários.

Não comprei ainda um automóvel dos eléctricos mas, reflectir, já reflecti, pelas causas ambientais a que, em princípio, todos queremos dar realidade. De qualquer forma, a meu ver, estão longe de se encontrar sobre a mesa todos os custos e reais impactes associados a essa alternativa. Não são só rosas, sem espinhos, como se pretende fazer passar.

Não estive, não estou de acordo com o novo acordo ortográfico, nem o adoptei. Embora tenha de rever e de corrigir muitos textos, segundo a ortografia do novo acordo, fecho sempre os meus livros e artigos com a seguinte explicação: «José Miguel Correia Noras não segue as normas do “novo acordo ortográfico”, enquanto tal documento não for subscrito por todos os países lusófonos».

Quando Santarém acabou com a sua carreira fluvial para Lisboa, em 1856, já existiam estudos para o desassoreamento do Tejo. Por sua vez, em 1921, o presidente da Câmara de Santarém, Pedro António Monteiro (1843-1928), juntamente com outros autarcas e dirigentes dos sindicatos agrícolas da região, procurou dinamizar um Congresso do Tejo, colocando os problemas do rio “no centro do debate político e das preocupações dos agricultores”. Nesta aceleração do tempo, quase até ao infinito, por certo, outros estudos surgirão. Agravados com barragens e com alterações climáticas, os velhos problemas são tão novos como a constatação da ausência de recursos – vontade, projectos efectivos e cifrões – para os tornar passado e deles fazer futuro.

Vivo, desde sempre, na Póvoa da Isenta e em Santarém. Lisboa, Douro e Brasil são chamamentos permanentes, mas já optei, definitivamente, por Santarém e pela Póvoa da Isenta. Não irei mudar daqui. E tão intenso é este viver no Ribatejo que a minha incursão no Douro apenas me fez amar uma nova cidade – Lamego – e venerar, ainda mais, duas “pátrias” – Santarém e Isenta.

No Ribatejo faltam, sobretudo, pessoas. Basta ler os censos. Paralelamente, importará assegurar o exigível equilíbrio entre Norte e Sul, especialmente no que toca a diferentes equipamentos e a infra-estruturas viárias. Por outro lado, sem esquecer, de entre outros, os projectos de excelência para a Estação Zootécnica Nacional, todo o apoio ao trabalho em curso, especialmente da NERSANT, visando a fixação de novas empresas, no distrito, será deveras importante, a par da “despenalização” das portagens na A23 e dos já anunciados investimentos ferroviários. Nos planos da governança e da coesão territorial acredito que a regionalização poderá revelar-se muito benéfica para o Ribatejo.

No concelho de Santarém faz falta a fixação de novas empresas e a criação de equipamentos desportivos e culturais. Temos felizmente muitos jovens a praticar desporto. Importa concretizar o tão necessário “complexo desportivo”, a par de outras soluções. Os grandes projectos preconizados, pelo Governo, para a linha do Norte afiguram-se, igualmente, prioritários e essenciais, tanto por razões de segurança, como pela melhor ligação ao Tejo que um corredor alternativo ao actual traçado da linha férrea irá permitir.

Os acontecimentos do ano em Santarém foram cada criança que aqui nasceu, todas as pessoas retiradas da miséria e os novos empregos criados. Isto, sem esquecer a entrada em funções de governantes do nosso distrito: ministra da Agricultura, Maria do Céu Albuquerque, e secretário de Estado da Agricultura e do Desenvolvimento Rural, Nuno Russo, aos quais desejo a melhor das sortes.

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