Opinião | 12-06-2019 10:00

“E o burro sou eu?”

“E o burro sou eu?”
OPINIÃO

Emails do Outro Mundo

Afamado Manuel Serra d’Aire

Gostei das tuas reflexões sobre as eleições europeias e destaco também o resultado do PAN – Pessoas Animais e Natureza, partido que registou a maior subida nas urnas. As pessoas estão cada vez mais sensibilizadas para as questões ambientais e também para tudo o que se relaciona com o bem-estar e direitos dos seus bóbis e tarecos. O PAN subiu é verdade, mas para crescer tem que alargar o seu público-alvo, a sua base eleitoral.

Tal como alguns partidos continuam a fazer do combate contra as desigualdades sociais o seu estandarte político e ideológico, também o PAN tem nesse campo vasta matéria para explorar, mas na área do reino animal. O popular chavão criado pelo escritor George Orwell, que sentencia que “todos os animais são iguais, mas há uns que são mais iguais que outros”, é uma verdade insofismável e, sendo assim, pode perfeitamente servir como palavra de ordem e lema de vida para o PAN.
Se os homens e mulheres do partido não souberem por onde começar, posso dar-lhes uns bitaites. Na Golegã, o município organiza uma Feira do Cavalo e uma ExpoÉgua, marginalizando descaradamente outros exemplares do género equídeo como o burro e a mula. Ora aqui está uma bandeira a que o PAN se pode agarrar - tendo até em conta que o burro é uma espécie muito popular e populosa no nosso país – e reivindicar junto da Câmara da Golegã a criação de eventos tipo um Burro’s Summit ou um Mula’s Convention, que anualmente dessem visibilidade e promovessem essas simpáticas e ostracizadas criaturas que noutras paragens têm outra projecção (basta recordar que o burro é o símbolo do poderoso Partido Democrata dos EUA).

Não sei se te recordas da história do empresário de Abrantes que diz ter ido à falência por causa da câmara e que, há uns anos, usou originais métodos de protesto, como tentar levar alguns burros para dentro dos paços do concelho. Uma tentativa travada pela segurança e que constituiu uma evidente discriminação que o PAN, se já existisse, não teria deixado passar em claro. Esse episódio, aliás, inspirou o dito popular “Vozes de burros não chegam à Céu”.

Pois bem, o homem foi objecto de uma reportagem de TV na última semana, onde esteve sob mira a ex-presidente da Câmara de Abrantes, Maria do Céu Albuquerque, que deixou o cargo há uns meses para ir para Secretária de Estado do Desenvolvimento Regional.

Sendo conhecida a atracção que a ex-autarca sentia por objectivas e holofotes, pensei que não ia perder a oportunidade de ter mais uns minutinhos de tempo de antena. Por isso aguentei até ao fim para ouvir o que iria dizer a política socialista. Para minha desilusão, Céu Albuquerque refugiou-se na desculpa de que sendo agora membro do Governo não queria estar a comentar assuntos da Câmara de Abrantes. Talvez tenha pensado que isso fosse andar de cavalo para burro...

Mas eu até compreendo a ex-autarca. Estarem a maçar uma governante, que não deve ter mãos a medir no seu trabalho em prol do desenvolvimento regional, com assuntos de lana caprina que ocorreram noutra encarnação política lá em cascos de rolha não lembra ao Diabo...

Saudações animalescas do
Serafim das Neves

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