Opinião | 31-07-2019 15:00

Por uma luta bravia em defesa das tradições

Por uma luta bravia em defesa das tradições
OPINIÃO

Emails do Outro Mundo

Vanguardista Serafim das Neves

A defesa das tradições continua em grande pelos nossos lados. A última notícia sobre o assunto é referente aos Jogos Rurais de Vale de Cavalos, freguesia do concelho da Chamusca. Pelo que li acabou tudo aos gritos e à bolachada, com a GNR a ser chamada ao local. Há setenta anos era assim, há quarenta também e agora continua na mesma. Os tradicionalistas de gema têm motivos para sorrir. Não há progresso nem novas tecnologias que acabem com as nossas lindas tradições.

Em Vila Chã de Ourique, Cartaxo, decorreu um desfile histórico evocativo da batalha de Ourique, na qual o rei Afonso Henriques derrotou cinco reis mouros, embora com uma ajudinha divina, reconheça-se. Mais uma bela iniciativa que pretende perpetuar um tempo em que uma das actividades mais em voga era malhar nos mouros, para equilibrar as vezes que os mouros malhavam em nós. O mundo gira, gira... mas a tradição mantém-se. Lá está!

Mas a defesa das tradições também sofre os seus revezes. Depois de nos aterrorizarem com campanhas em que o consumo de febras de porco e costeletas de novilho é apontado como causa de ataques de coração e tromboses e de nos cortarem no sal e no açúcar através de leis e decretos-lei, eis que os copinhos de leite de Lisboa se preparam para retirar o nosso querido copinho de vinho às refeições das recomendações inseridas na Roda dos Alimentos. É altura de resistir, caramba!

Já me estou a preparar para passar à clandestinidade gastronómica, refugiando-me na adega desactivada dos meus bisavós com uma boa reserva de vinho tinto, presunto, queijo da serra e doçaria diversa. Espero bem que me faças companhia nesta minha defesa das tradições, Serafim.

Uma tradição que pode vir a sofrer um rude golpe é a de atirar beatas para o chão. Há dias foi aprovado um decreto-lei que a visa aniquilar através de multas que podem ir de 25 a 250 euros.

E se duvidas da força da multa na eliminação de certos comportamentos, lembro-te que, há mais ou menos um ano, a Câmara de Benavente também aprovou multas de 500 euros para castigar os donos dos cães que não recolhessem os dejectos que os mesmos espalham por jardins e passeios e, desde essa altura, nunca mais houve merda de cão no espaço público. E se alguém disser que pisou algo mole e mal cheiroso é porque pisou outra coisa qualquer.

A velha tradição de proibir voltou em grande depois de fortes tentativas de a aniquilar que ocorreram nos anos sessenta, quando alguns quiseram implementar o “é proibido proibir”. Não tiveram sucesso, como se vê. Nem nisso nem no incentivo à natalidade que tinha como slogan “façam amor e não guerra”.

A divulgação, por O MIRANTE, da lista das grandes personalidades regionais que vão figurar na lista de candidatos do PS pelo círculo de Santarém, animou a reunião da prestimosa secção escalabitana daquela agremiação. Ainda bem que assim foi porque, em vez dos esperados bocejos e declarações de circunstância, houve um animado debate sobre técnicas de investigação para descoberta de violadores de segredos de Estado, em que participaram ilustres detectives socialistas. Não se descobriu nada, como é habitual em política, mas, pelo menos, desenferrujaram-se alguma línguas, o que é sempre excelente.

Passam agora cinquenta anos do primeiro desembarque de um homem na Lua e há dias, ao falar com um senhor já entradote, num café, ele disse-me, em jeito de grande segredo, que aquilo tinha sido tudo encenado. É o que digo, Serafim, a tradição ainda é o que era.

Saudações lunares

Manuel Serra d’Aire

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