Opinião | 22-08-2019 07:00

Última Página: Uma crónica sobre um livro de Henrique de Carvalho Dias

Escrever sobre os problemas da região, que não sejam a ligação ao rio Tejo, e a falta de tempo para ir dar um mergulho, parece desajustado de tudo.

Esta semana escrevi um texto para um álbum de imagens do fotógrafo Henrique de Carvalho Dias. Aproveitei para lembrar Fernando Lemos, de quem também sou amigo há muitos anos, que nesta altura tem três exposições em Lisboa e é mimado, justamente, por toda a imprensa e todas as instituições portuguesas e brasileiras. Nunca o visitei na sua casa de São Paulo mas a culpa é minha que não gosto da cidade e as vezes que lá fui desencontrámo-nos. O mesmo com Henrique de Carvalho Dias. Conhecemo-nos do nosso trabalho e das relações amistosas; da arte e do prazer que muitas vezes conseguimos retirar do trabalho árduo, desmedido mas quase sempre extraordinário.

Henrique de Carvalho Dias é um Homem e um artista diferente da grande maioria dos fotógrafos que hoje capta imagens nas trincheiras das praças de touros. Quando olho para ele vejo um poeta da imagem; um fotógrafo que quer mostrar numa só imagem o que um jornalista ou um escritor tentam mostrar num conjunto de palavras. Há 30 anos que o conheço muito bem e há mais de quatro décadas que trabalha apaixonadamente por amor à arte de fotografar e ao serviço dos artistas da festa brava.


Trabalhar 12 horas por dia em Agosto é obra. E escrever sobre os problemas da região, que não sejam a ligação ao rio Tejo, e a falta de tempo para ir dar um mergulho, parece desajustado de tudo. Em Agosto toda a gente vai de férias menos os jornalistas e os homens do campo (passe o exagero).

Por causa da greve dos motoristas e do susto que apanharam alguns empresários com a corda na garganta, nomeadamente os agricultores, lembrei-me de um empresário que, um dia, ao telemóvel, guiando um BMW último modelo, numa viagem Lisboa-Porto, contou-me que podia falar tranquilamente porque ia a 110 à hora para não desperdiçar gasóleo. Dois anos antes desta conversa fez um investimento de 30 milhões de euros. Nesse dia reconheceu que o negócio estava a ir por água abaixo devido a problemas com as máquinas importadas que eram o coração da fábrica. E foi, passado alguns meses. Hoje é mais um desses barracões gigantes fechados e abandonados numa zona industrial; Entretanto começou a trabalhar como consultor; e nos intervalos vai sonhando que ainda tem idade e capacidade para voltar a juntar dinheiro e regenerar o antigo negócio. JAE

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