Opinião | 10-12-2019 15:00

O mausoléu de Salazar e o atentado à liberdade de expressão

O mausoléu de Salazar e o atentado à liberdade de expressão
OPINIÃO

Emails do Outro Mundo

Iluminado Manuel Serra d’Aire

O mundo está perigoso e os focos de tensão são mais que muitos em diversos pontos do globo, como o Médio Oriente, Hong Kong, Chile, Bolívia, Espanha, Brasil, Síria, Venezuela, República Centro Africana, os debates de futebol na TV e por aí fora. Como se tudo isso não bastasse, surgiu agora um conflito diplomático aqui à nossa porta que pode ter sérias repercussões. Falo da declaração de guerra que a Assembleia Municipal de Coruche fez ao município de Santa Comba Dão por causa do museu dedicado ao Estado Novo e, consequentemente, a Salazar.

A moção aprovada recentemente e de que li excertos na Comunicação Social não está com paninhos quentes e refere que a iniciativa do município beirão é uma tentativa de branquear o fascismo. E atenção que estamos a falar de uma assembleia municipal de maioria socialista a atirar-se com unhas e dentes a um projecto de um outro município de maioria socialista. Uma autêntica guerra das rosas.

“Este projecto, e embora mascarado por supostos interesses académicos, não é mais do que uma nova investida para criar um mausoléu a Oliveira Salazar”, lê-se na moção de Coruche, que compara o projecto ao espanhol Vale dos Caídos. Resta agora saber como vão responder os autarcas beirões. Mas como a malta da Beira Alta não costuma ser boa de assoar antevejo aqui uma peleja rija. Talvez não fosse pior apelar ao secretário-geral da ONU, António Guterres, para mediar a quezília não vá daqui resultar a terceira guerra mundial. E, além disso, ficava tudo entre socialistas...

Na sexta-feira, 29 de Novembro, houve uma coisa chamada “Black Friday” (sexta-feira preta, em tradução literal), importada das Américas e que já se instituiu como moda em Portugal. Não sei se por coincidência ou propositadamente a verdade é que uma voluntariosa senhora decidiu presentear os transeuntes que nesse dia passavam pelo Largo do Seminário, em Santarém, com uma performance a solo de publicidade a lingerie. Isto porque a actriz fez questão de mostrar ao público que ia passando a qualidade (e também a exiguidade) da sua roupa interior, nomeadamente do fio dental.

Tudo estava a decorrer com normalidade e com interesse por parte do público (sobretudo o masculino) que por ali ia passando quando a senhora foi engavetada pela polícia. Falou-se em pouca-vergonha e atentado ao pudor mas considero que o que se tratou foi de um atentado à liberdade de expressão por parte das autoridades. Afinal de contas, cada um pode andar vestido como quer. E, que se saiba (e pelo que vi nos vídeos entretanto publicados, porque há sempre um bufo com um telemóvel por perto), a senhora não exibiu mais do que aquilo que mostram as modelos de lingerie nos anúncios de TV ou nas revistas ou as adolescentes nas praias. Pareceu-me, por isso, uso desmedido da força por parte das autoridades. Gostava de ver se tinham coragem para, por exemplo, deter a Gisele Bundchen no desfile da Victoria’s Secrets. É o prendes!!!

Cumprimentos despidos
de preconceitos do

Serafim das Neves

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