Opinião | 02-01-2020 18:12

Cidadania e Governança: o futuro será mais sustentável?

As incertezas são o que mais temos, ideias norteadoras e essenciais para a construção de um futuro mais sustentável já existem, não podemos é ignorar as necessidades das gerações futuras, devemos sim, afirmar que as mudanças reais se fundamentam, por um lado, na corresponsabilização coletiva e, por outro lado, na prática de processos sustentáveis, aqueles que não causam danos, nem custos elevados para todos.

O novo ano, o ano zero de uma nova década, pede clareza de visão sobre o futuro. Espera-se que esta seja acompanhada de consistência nas ações e de transparência na apresentação de resultados. Espera-se que em cada comunidade (município e freguesia), exista, de facto, uma maior e mais clara demonstração do impacto das suas estratégias na sociedade e de como agem no caminho da sustentabilidade, nomeadamente no combate às alterações climáticas e à pobreza. É necessário fazer escolhas!

Chega de discursos vazios, desligados de planos estratégicos e de objetivos pouco claros. Um posicionamento superficial ou o não posicionamento serão vistos, cada vez mais, como fragilidades ou incapacidades de leitura dos riscos e oportunidades que ameaçam ou potencializam o desenvolvimento sustentável das comunidades. É preciso demonstrar conhecimento da realidade e disposição para encetar a estratégia mais adequada e esta deve ser consonante com os objetivos definidos e assumidos em conjunto pela comunidade. Para tal, a gestão e a comunicação devem andar juntas.

A questão dos comportamentos das pessoas, independentemente do seu papel na sociedade, é central para enfrentar esta nova década. É preciso ter em linha de conta que o mundo não é moldado por comunidades como se fossem ilhas isoladas. Não podemos mais pensar apenas em suprir as nossas necessidades e objetivos atuais, temos de pensar e acautelar o futuro das novas gerações. É preciso fazer escolhas!

Retomamos a Carta das Cidades e Vilas Europeias para a Sustentabilidade, aprovada pelos participantes da conferência de Aalborg (Dinamarca), em maio de 1994, esta afirma que “a sustentabilidade não é uma simples perspetiva, nem um estado imutável, mas sim um processo criativo, local e equilibrado” e conclui que “Um sistema de gestão assente na sustentabilidade, leva a que as decisões tomadas tenham em conta, não só, os interesses das partes respeitantes, mas também os das gerações futuras”.

As incertezas são o que mais temos, ideias norteadoras e essenciais para a construção de um futuro mais sustentável já existem, não podemos é ignorar as necessidades das gerações futuras, devemos sim, afirmar que as mudanças reais se fundamentam, por um lado, na corresponsabilização coletiva e, por outro lado, na prática de processos sustentáveis, aqueles que não causam danos, nem custos elevados para todos. Quando as autarquias adaptarem as suas escolhas às necessidades concretas das pessoas, criando atividades e serviços mais sustentáveis, os efeitos terão o resultado do interesse comum, objetivo este que corresponde à ‘missão’ da autarquia.

Para criar um futuro diferente é preciso aprender a ver os sistemas de forma ampla, para além de estimular a colaboração solidária, assente em princípios (valores), entroncados numa estratégia, com objetivos consonantes como o sentimento coletivo. Para que esta colaboração seja mais profícua é desejável uma participação ativa em redes de autarquias que envolvam cidadãos e entidades coletivas de cada uma das comunidades, cimentada em parcerias territoriais sustentáveis e assente numa competição, colaborativa e solidária. A próxima década pede mais ação!

O primeiro passo é defender os interesses comuns e cuidar dos bens comuns, a partir de intervenções de resposta às necessidades mais urgentes. Depois é assumir uma estratégia assente em necessidades reais que, privilegie a (re)criação de atividades e serviços sustentáveis e onde todos, em cada comunidade, tenham a oportunidade de contribuir e acompanhar a evolução do processo de melhorias. Finalmente, trocar experiências com outras realidades locais, estabelecendo parcerias para a implementação de medidas de transição para a sustentabilidade onde elas sejam necessárias. A construção da capacidade de colaborar é um trabalho árduo, que reúna o melhor de cada pessoa, em particular quando os representantes de diferentes elos (grupos de sensibilidade social) estejam envolvidos. Em suma, estamos todos convocados: a nova década espera pelas nossas melhores escolhas!

José Fidalgo Gonçalves

Coordenador CESOP-Local. UCP

jan.2020

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