Opinião | 19-02-2020 07:00

A arte de engolir um touro, com cornos, bandarilhas e tudo...

A arte de engolir um touro, com cornos, bandarilhas e tudo...
OPINIÃO

Emails do Outro Mundo

Categórico Manuel Serra d’Aire

O Governo socialista decidiu aumentar o IVA sobre os bilhetes das touradas de 6% para 23%, depois de no ano passado ter sido reduzido de 13% para 6% graças ao grupo parlamentar do PS. Enfim, jigajogas políticas ao sabor da espuma dos dias, das sondagens e das modas. Curiosamente, no ano passado, o grupo parlamentar do PS teve liberdade de voto para aprovar essa alteração ao Orçamento de Estado mas este ano não houve abébias. O que obrigou uma resma de deputados a votar a favor da proposta do Governo mesmo sendo contra a medida, estando entre eles os quatro deputados eleitos por Santarém.

A declaração de voto dos 38 (!) deputados que votaram contra a sua vontade chega a ser comovente na denúncia da obrigatoriedade de obediência à disciplina partidária (a mesma que não existiu no ano passado) e confesso que me despontou uma lagriminha no canto do olho ao ter conhecimento deste exercício de auto-flagelação a que os pobres parlamentares aficionados foram sujeitos. É que eles não tiveram que engolir um sapo, tiveram mesmo que engolir um touro, com cornos, bandarilhas e tudo... Para eles um sonoro olé!

Um morador de um prédio em Santarém decidiu construir uma piscina no quintal, o que faz todo o sentido tendo em conta que a cidade é, habitualmente, das mais quentes do país. Acontece que a piscina não tinha licença camarária e, para cúmulo, a escavação para fazer a dita acabou por afectar a estabilidade do edifício onde viviam algumas famílias.

Conclusão: os moradores tiveram de ser evacuados e realojados em unidades hoteleiras ou casas de familiares até que estejam garantidas as condições de segurança no edifício. No prédio ficou apenas o morador infractor, por sua conta e risco, o que me fez recordar a história do mestre Afonso Domingues quando construiu a abóbada da Casa do Capítulo do Mosteiro da Batalha e debaixo dela pernoitou, por crer na estabilidade da mesma e na qualidade da obra feita. Resta saber se terá proferido a frase: “O prédio não caiu, o prédio não cairá!”. E, já agora, se já entulhou a piscina...

Os autarcas da Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo foram passar uns dias à Nazaré, longe das mulheres, dos filhos, das sogras e dos chatos dos munícipes. Uma espécie de retiro espiritual entremeado com umas boas caldeiradas, porque quem não é para comer não é para trabalhar, já dizia a minha avózinha que Deus tem. Dessa prodigiosa jornada laboral, obviamente, aguardam-se grandes cometimentos, como, por exemplo, a requalificação da colónia balnear que está ao abandono e é a vergonha dos municípios do distrito de Santarém.

Estou certo que é desta que a coisa se vai resolver. Mas, se não for, já estou como aqueles treinadores de futebol supersticiosos: alterem o local de estágio para ver se os resultados melhoram. Na nossa costa não faltam locais aprazíveis e com bom pescado. É que, assim, até parece que estão a gozar com a cara do Chicharro, não o peixe mas o autarca nazareno de nome Walter e que tem esse piscícola apelido. É que o homem deve estar farto de ver aquela mancha na paisagem no centro da sua pitoresca vila...

Saudações taurinas do

Serafim das Neves

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