Opinião | 12-07-2020 07:00

À Margem

Cerca de 20 minutos antes da hora marcada para a conferência de imprensa, a jornalista de O MIRANTE chegou ao Convento do Carmo, onde foi questionada sobre que órgão de comunicação social representava.

Cerca de 20 minutos antes da hora marcada para a conferência de imprensa, a jornalista de O MIRANTE chegou ao Convento do Carmo, onde foi questionada sobre que órgão de comunicação social representava. Ao responder que trabalhava para O MIRANTE, a resposta surgiu por parte de António Rodrigues como um tiro: “Ninguém a convidou para estar aqui”. Com os ânimos mais calmos, indicou o caminho para a entrada e tentou apaziguar a situação. De facto O MIRANTE não recebeu convite que terá sido dirigido apenas aos órgãos de comunicação social com sede no concelho de Torres Novas.

Alguns moradores paredes-meias com o Convento do Carmo questionaram o que ali se passava. Explicámos que se tratava da apresentação de um movimento político liderado por António Rodrigues. Vários foram os que apontaram que poucas ou nenhumas hipóteses terá para tirar o lugar a Pedro Ferreira, caso se recandidate. Depressa se juntou um grupo de cerca de 10 curiosos que garantiram isso mesmo. “Pelo menos com este presidente dá para falar, com o outro (António Rodrigues) nem isso”, referiu uma torrejana com mais de 70 anos, que não se quis identificar.

António Rodrigues apresentou-se com tiques de falta de humildade e até de autoritarismo. Os jornalistas tiveram direito a fazer algumas perguntas que ficaram sem resposta conclusiva. Foi uma conferência de imprensa sem sumo e sem ideias. Ficou conhecido o nome do movimento e algumas das caras, embora tapadas com máscaras. A técnica de tratar os jornalistas por “tu” e pelos seus nomes, demonstrou que existe e estará para durar a atitude sobranceira e algo promíscua de Rodrigues face a alguns meios de comunicação social da cidade. O ex-autarca chegou mesmo a perguntar a um jornalista quem lhe tinha encomendado as questões que colocava.

António Rodrigues cria movimento político e não descarta candidatura em Torres Novas

O ex-presidente da câmara apresentou o Movimento P’la Nossa Terra, numa conferência de imprensa sem grande sumo mas onde deu a entender ter sido convidado pelo PS para ser candidato em Santarém.

A pouco mais de um ano das eleições autárquicas de 2021, o ex-presidente da Câmara de Torres Novas, António Rodrigues, apresenta-se como patrono e promotor de um movimento político independente que pode entrar na corrida e afrontar a gestão socialista no concelho, liderada por Pedro Ferreira, número dois de Rodrigues até 2013.
A conferência de imprensa de apresentação do Movimento P’la Nossa Terra decorreu na noite de sexta-feira, 3 de Julho, no Convento do Carmo. O movimento envolve cerca de 40 cidadãos, embora na sessão estivessem presentes apenas metade. Para já, António Rodrigues diz que não tem qualquer pretensão ou candidato para avançar à Câmara de Torres Novas. Cenário que pode ser alterado dentro de alguns meses. “Não me chamem mentiroso se daqui por uns meses este movimento se compor e sentirmos que temos o que é preciso para avançar”, disse o ex-autarca que governou o município de Torres Novas durante duas décadas.
Ao lado de António Rodrigues esteve o médico pediatra Aníbal Teixeira de Sousa, que exerceu funções no Centro Hospitalar do Médio Tejo e no antigo Hospital de Torres Novas durante mais de 30 anos. Os restantes apoiantes da lista são caras jovens. Socialistas ou apoiantes da geração de António Rodrigues, se existem, não estavam presentes.
De língua bem afiada e genica no corpo ao ponto de dar saltos na cadeira, apesar de repetir várias vezes que não pretendia dizer mal de ninguém, a verdade é que nem foi preciso chegar ao momento dos jornalistas colocarem questões para Rodrigues sublinhar que quem está à frente das decisões políticas da câmara está a fazer um “muito mau trabalho”.
Recorde-se que, em 2017, António Rodrigues abandonou o cargo de presidente da concelhia do PS de Torres Novas, chegando mesmo a entregar o cartão de militante. E admitia voltar a recandidatar-se à Câmara de Torres Novas como independente, numa oportunidade que pudesse surgir.
Foi mais um sinal das divergências que grassavam no PS local, nomeadamente entre António Rodrigues e o actual presidente da câmara, Pedro Ferreira, que foi durante alguns anos número dois de Rodrigues no município torrejano. Quezílias que ainda se arrastam, uma vez que através da questão “como está a sua relação com Pedro Ferreira?”, feita por um elemento do próprio movimento, percebeu-se que ainda existe esse mal-estar entre ambos. “Não sei, nem ele sabe”, atirou Rodrigues.

O suposto convite do PS para ser candidato em Santarém
A conferência de imprensa serviu ainda para António Rodrigues puxar dos galões e dizer que “não desmente” que terá sido sondado pela direcção nacional do PS para avançar nas eleições autárquicas à Câmara de Santarém. “Não vou dizer mais nada, digo apenas que não desminto”, declarou.
Questionado por O MIRANTE sobre que qualidades julga ter para que o PS lhe tenha dirigido esse suposto convite, Rodrigues ironizou e referiu: “Porque sou e fui muito mau” presidente da Câmara de Torres Novas.

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