Opinião | 22-10-2020 07:00

O mau exemplo do Instituto Politécnico de Santarém

O IPS tem novo presidente assim como um novo líder do Conselho Geral. Mas se não houver uma revolução na gestão da instituição antes da data das próximas eleições o IPS abre falência.

O Instituto Politécnico de Santarém (IPS) tem um novo presidente do Conselho Geral (Hermínio Martinho) por desistência do anterior. Francisco Madelino terá pedido escusa por ter muito trabalho no Inatel do qual é presidente. Francisco Madelino nunca foi um bom presidente do Conselho Geral do IPS. A sua escolha foi política e é exactamente nessa área que ele é uma fraca figura. Quem conhece bem Francisco Madelino diz que ele era bom para exercer actividade política na antiga União Soviética, por ser cara de pau e ter carácter conflituoso próprio de quem acha que todos lhe devem e ninguém lhe paga. Enquanto presidente do Conselho Geral do IPS, Francisco Madelino foi um zero à esquerda. Como sempre, ser natural da região (Salvaterra de Magos) não importa quando o importante é o trabalho e o amor à causa. No Ribatejo ou na Beira Baixa, quando os políticos querem o Poder pelo Poder, é sempre no Terreiro do Paço que têm os olhos e o coração palpitante.

A nova realidade do IPS, com João Moutão a comandar a instituição, não promete nada de novo se não houver coragem para mudar a forma como a Escola funciona e está organizada. A instituição vai estar sempre nas mãos dos que, como os Madelinos, querem é tacho porque não gostam da profissão que escolheram, seja a gerir o Inatel seja num qualquer organismo do Estado que sirva de trampolim para mais altos voos.

Dou um pequeno exemplo do modelo de funcionamento do IPS que serve às mil maravilhas para percebermos como é difícil endireitar o que já nasceu torto; cada Escola tem um serviço administrativo com tudo o que isto acarreta ao nível das chefias e da importância que cada um acha que deve ter no futuro da instituição. São seis serviços administrativos, a contar com o da presidência, onde reinam não sei quantas dezenas de gestores, todos a puxarem para o lado que lhe dá mais jeito na gestão da sua quintinha.

Com a desorganização e a divisão que se instala com este modelo de gestão, os professores, que, regra geral, ganham bem e trabalham pouco, têm sido o maior foco de instabilidade da instituição. Para se perceber até que ponto os professores são capazes do melhor e do pior, na votação para a eleição do novo Conselho Geral, os três votos que faltaram de um total de 21 foram exatamente os votos dos representantes do pessoal docente. Faltou ainda o voto do representante dos alunos mas aí a burocracia da instituição é que levou a melhor.

O IPS, com o seu estatuto e com uma média de quatro mil alunos, devia ser o maior líder regional, alavanca de progresso e de desenvolvimento de parcerias que elevassem a região ao estatuto que merece. Ao contrário, é uma instituição onde há uma guerra civil permanente, onde se escondem políticos de carreira como Francisco Madelino, onde se divide para reinar, como nos países e nas instituições onde o poder se conquista nos gabinetes ou nas ruas. Não estou a exagerar; dou outro exemplo gritante; os professores de uma determinada Escola do IPS só podem dar aulas naquela Escola. Não pode haver misturas; O IPS parece mais um colete de forças que uma instituição de ensino.

Ouvi muitas vezes o Professor Joaquim Veríssimo Serrão falar do seu sonho de ver o IPS transformado em universidade. É um sonho cada vez mais adiado. Mas não deixo de recordar o homem que esteve por trás da fundação desta escola de Homens que nunca mais teve uma direcção que honrasse o seu nome e o seu trabalho a um nível digno de figurar nos anais da instituição.

João Moutão tem idade e estatuto para fazer uma revolução no IPS. Se não for um guerreiro vai acabar a sua presidência antes das próximas eleições porque o tempo não está para lutas inglórias como as dos seus antecessores. JAE.

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