Opinião | 24-05-2022 11:59

A importância de ter um nome adequado ao feitio e o milagre dos bebés em Fátima

A importância de ter um nome adequado ao feitio e o milagre dos bebés em Fátima

Galhardo Manuel Serra d’Aire

Captou a minha melhor atenção o drama, que relataste na tua última epístola, da mãe que queria dar o nome de Rosa Azul à filha e foi impedida pelos serviços públicos que zelam pelo bom funcionamento e imagem deste país exemplar. Há que ser pragmático nestas coisas: Rosa Azul é um nome que não faz sentido, tresanda a surrealismo, a psicadelismo, a LSD, absinto e coisas que tais. E podia vir a ser alvo de chacota no futuro. Por isso mais vale prevenir… As rosas podem ter várias matizes, mas azuis jamais! Palpita-me que anda aqui clubite aguda dos pais e que, a passar o nome pelo crivo censório, em breve teríamos para aí gente com nomes como “camélia encarnada” ou “cravo verde”. Haja tino para além do de Rans!
Os nomes são marcas que nos colocam, carimbos que ficam para toda a vida (com excepção dos que os mudam a meio do jogo). Os nomes devem ter sempre alguma coisa de plausível; e se a maior parte deles são neutros, como Manuel, João ou Fernando, já outros encerram desde logo uma ideia, um conceito, que pode não corresponder ao carácter ou postura do portador. Deixo alguns exemplos: um ser com baixo amor-próprio não condiz com o nome Narciso; um tipo com mau feitio jamais deverá chamar-se Cândido ou Serafim. E até há uma peça de teatro britânica, também adaptada ao cinema, com o título “A importância de se chamar Ernesto”. Isso do nome não é, efectivamente, uma questão despicienda.
E já que falei em tipos com mau feitio, que dizes à táctica do presidente da Câmara do Entroncamento, o socialista Jorge Faria, que cortou a palavra a um vereador da oposição porque não gostava do que estava a ouvir? Achas que foi um tique de autoritarismo ou apenas uma manifestação de pragmatismo, porque, como bem sabemos, palavras levam-nas o vento e na política, mais do que verborreia, do que se precisa é de acções.
Embora no campo das acções Jorge Faria, o dito presidente do Entroncamento, também não seja o melhor exemplo. Basta lembrar que há mais de um ano decidiu demolir o edifício de um jardim-de-infância que tem problemas estruturais e o imóvel lá continua, de pé e a alimentar polémicas políticas. Lá vem outra vez a questão dos nomes: ‘Faria’ é um apelido que assenta bem nesse autarca. Nesse e nos outros que deixam promessas por cumprir…
Entretanto, em Fátima, mães desesperadas reclamam por causa da falta de creches. O que sobra em igrejas, seminários, congregações, lojas de artigos religiosos e afins falta em sítios para deixar bebés enquanto os pais trabalham. Não era muito previsível que numa cidade com tanto padre e freira uma questão destas se viesse a colocar, para mais num país onde fazer bebés deixou há muito de ser um desporto nacional, mas são estes sinais que me encorajam e fazem acreditar nos milagres de Fátima. Embora nuns mais do que noutros…
E com esta me vou.
Uma calorosa saudação do
Serafim das Neves

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