Opinião | 22-09-2022 06:59

A “paixão política” na semana em que Francisco Moita Flores voltou ao escrutínio do tribunal

JAE

A “paixão política” de Alexandra Leitão, Moita Flores e Paulo Queimado na semana em que o ex-presidente da Câmara de Santarém voltou a ter o tribunal à perna, desta vez a seu favor, o que não vai impedir que o escrutínio dos seus dez anos de autarca em Santarém continue na justiça.

A política sem paixão é uma chatice. Roubo a ideia, embora não a frase, a Alexandra Leitão (ministra do penúltimo Governo de António Costa), actual presidente da Comissão Parlamentar para a Transparência e última cabeça-de-lista pelo PS no distrito de Santarém. O facto de Alexandra Leitão ter sido excluída do actual Governo, numa decisão política que surpreendeu muita gente, criou orfandade no distrito já que Alexandra Leitão está a ocupar um lugar na Assembleia da República que, em princípio, estava destinado a um político da região.
“A política técnica, em que se defende isto como se poderia defender aquilo, sem levantar a voz, nem dizer nada fora do sítio, isso não é para mim. A maior parte das pessoas até pode achar que fui excessiva, mas pelo menos vê paixão. Houve momentos em que me beneficiou, como na história dos colégios amarelos, outros em que me prejudicou”, diz ainda Alexandra Leitão numa entrevista ao Expresso da edição de 28 de Agosto.
Interessa-me a boleia que a ex-ministra me dá para falar aqui de paixão política que é aquilo que não vemos na maioria dos políticos locais, uma boa parte deles rendidos a uma pobreza franciscana que mete dó. Os partidos deviam obrigar os seus autarcas a justificar as suas aldrabices, assim como os deputados deviam dar contas públicas dos negócios pessoais que andam a fazer enquanto negociam as políticas do país com os directores gerais da administração do Estado.
Interessa-me, e dá-me algum gozo, ouvir alguns políticos comentarem a forma desabrida como às vezes O MIRANTE escreve sobre o trabalho do presidente da Câmara da Chamusca, Paulo Queimado. A maioria fala do assunto como se o jornal tivesse feito deste político socialista um Sancho Pança, embora menos gordinho e sem espada nem chapéu. De verdade Paulo Queimado gere um concelho que está quase miserável, onde os preços das casas baixaram para metade do que se pratica na Golegã, uma vila que fica a cinco quilómetros e apenas serve de exemplo. Paulo Queimado é visto no meio político como um pobre coitado, mas a verdade é que lhe deram a presidência de uma associação de municípios, com os resultados que se conhecem. É aqui que eu queria chegar; se houvesse paixão na política Paulo Queimado já tinha levado um puxão de orelhas dos responsáveis pelo Partido Socialista e ou se emendava ou tinha que andar pela Chamusca com as orelhas no chão.
Esta semana nas várias conversas sobre o futuro aeroporto de Lisboa, e a possibilidade de vir para o concelho de Santarém, ouvi dois ou três comentários que me desagradaram. Todos relativamente aos escritos que de vez em quando trazem a lume a gestão autárquica de Paulo Queimado e, ultimamente, a do presidente da assembleia municipal, Joaquim José Garrido, que anda a facturar à grande e à francesa com a autarquia onde é a figura política com mais representatividade.
Falo do assunto na semana em que Francisco Moita Flores foi absolvido em tribunal da acusação de prevaricação e de participação económica em negócio. No acórdão lido no dia 14 de Setembro no Tribunal de Santarém pela presidente do colectivo de juízes, Francisco Moita Flores foi absolvido por não ter ficado provado durante o julgamento que teve intenção de beneficiar a empresa que realizou as obras e de prejudicar o município.
A verdade é que a presidente do colectivo de juízes, Raquel Rolo, apontou a forma negligente como o município conduziu o processo de contestação da acção administrativa interposta por uma empresa para ser ressarcida das obras realizadas, reivindicando um valor de perto de dois milhões de euros, a qual a autarquia perdeu por ausência de contestação.
A paixão política de Francisco Moita Flores, que durou cerca de dez anos em Santarém, está a ser escrutinada em tribunal e pelo que parece vai continuar a ser nos próximos anos. É um triste fim político de uma figura do comentário televisivo e da literatura, que demonstrou pouco jeitinho para defender aquilo que tanto criticou e ainda critica na praça pública com as suas palavras melosas mais o seu feitizinho odiento e vingativo. JAE.

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