Opinião | 15-06-2022 17:59

Doentes em manobras rodoviárias nocturnas para ver se enrijam e a praga dos tradutores “acronimantes”

Doentes em manobras rodoviárias nocturnas para ver se enrijam e a praga dos tradutores “acronimantes”

Erudito Serafim das Neves

Antigamente, na tropa, havia uns instrutores que, quando tinham insónias, entravam pelas camaratas aos berros e aos coices e faziam a soldadesca formar na rua, ao frio e à chuva, para lhes enrijecer os músculos e a mente com jogos mentais, ameaças e sessões de exercícios de caixão à cova.
Na tropa já não se fará tal coisa por causa das queixas dos recrutas e das comissões parlamentares de inquérito que aterrorizam qualquer um, mas o velho tratamento não foi abandonado e exerce-se agora, aqui por estes lados, nos hospitais do Centro Hospitalar do Médio Tejo, para enrijar os velhotes que estão internados.
A meio da noite, em vez de sargentos, entram as tripulações de ambulância de transporte de doentes não urgentes pelas enfermarias adentro, acordam os desorientados veteranos e levam-nos aos solavancos para outro hospital, onde eles chegam encharcados em medicamentos e sem saberem de que terra são, mas mais rijinhos…principalmente se for Inverno e a ambulância não tiver aquecimento.
Há quem defenda que o transporte nocturno de doentes entre hospitais é uma prática desumana mas discordo. Primeiro que os doentes estão os problemas logísticos dos serviços de internamento e a gestão de vagas, além dos interesses de quem faz o transporte, até porque o trabalho nocturno é mais bem pago, suponho eu.
Quanto aos velhotes doentes, eles aguentam! Desorientam-se, mas aguentam! E afinal de contas a transferência para outros hospitais a meio da noite não mata tanto como a Covid-19. E nós sabemos bem quantos seniores, digamos assim, continuam a tombar diariamente nessa frente.
O presidente da Câmara do Cartaxo, João Heitor, cinturão negro de Karaté, deu uma aula daquela arte marcial às crianças de uma escola. Espero que o exemplo do autarca, a quem alguns já chamam o Bruce Lee da Capital do Vinho, venha a ser seguido por outros presidentes de câmara da região, inaugurando assim uma nova frente de trabalho autárquico ao serviço do bem estar das populações.
O presidente da Câmara da Chamusca, Paulo Queimado, um ribatejano de gema, que num momento de exaltação criativa cunhou a famosa frase “No coração do Ribatejo”, a propósito da localização da sua terra, pode ir fazer demonstrações de pegas de toiros nos recreios das escolas para promover as tradições. Não faltará quem disponibilize os animais à borla só para lhe apreciar o estilo.
O seu vizinho do Entroncamento, o tonitruante Jorge Faria, que anda com desejos de mandar demolir uma escola, bem poderia deitar mãos à obra e fazer ele mesmo o trabalho poupando dinheiro ao erário público e ensinando a arte de bem manobrar as famosas máquinas com bola aos estudantes. Acho que ninguém faltaria às aulas nesses dias. Se cada autarca alinhar nesta frente de trabalho vai ser lindo Serafim. E fica bem nas redes sociais. Olá se fica.
Termino com uma recente descoberta. Nos últimos tempos os tradutores das séries estrangeiras que passam na televisão desataram a usar siglas ou acrónimos a torto e a direito. Por vezes em cada linha de subtítulo há duas e três siglas. O que esta gente não faz para evitar que tenhamos de ler!
Saudações acronimantes
Manuel Serra d’Aire

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