Opinião | 11-08-2022 06:59

Estamos entregues a gente má e analfabeta

JAE

Há pessoas com doenças cancerosas que não conseguem receitas para aviar os medicamentos que lhes fazem falta para terem uma vida digna e justa. As receitas electrónicas são desconhecidas na maior parte dos centros de saúde; os doentes são obrigados a permanecerem dias inteiros para conseguirem uma receita que podiam receber em casa no telemóvel.

A crônica desta semana é azeda mas eu não tenho culpa. Esta semana publicamos mais um texto sobre a falta de médicos, neste caso no concelho da Chamusca. A posição do presidente da câmara local sobre este problema é uma vergonha, própria de um sujeito que não sabe quem é que lhe fez as orelhas. Sou da terra e converso com muita gente que acha que ainda tem que se curvar perante a importância dos médicos, dos presidentes e dos generais que comandam os interesses instalados, seja nas autarquias, nos Centro de Saúde e por aí fora. Não temos. Vivemos uma época em que os poderes e os seus protagonistas têm que dar conta do serviço público que prestam. Infelizmente a Chamusca é um caso triste de subserviência de uma parte da sua população a um executivo de políticos abalfabetos, bem na vida, mas que fazem a vida negra aos outros.

Há pessoas com doenças cancerosas que não conseguem receitas para aviar os medicamentos que lhes fazem falta para terem um fim de vida digno e justo. Há bem pouco tempo ouvi de viva voz uma vizinha a contar que por causa da falta dos medicamentos teve que ser assistida no hospital de Santarém onde esteve três dias internada para recuperar. A história é longa e não tem sentido contá-la aqui. O que quero denunciar são estes sacanas dos políticos e dos médicos que sabem que o problema desta gente se resolve com uma receita eletrónica mas não fazem nada para agilizarem os serviços de forma a minorar o sofrimento das pessoas e não as obrigarem a sofrer como cães.
Qualquer serviço de saúde bem organizado consegue dos médicos as receitas que são precisas para as pessoas incapacitadas, cancerosas ou com outras doenças crônicas, ou até que não têm como se deslocarem ao Centro de Saúde. A Câmara Municipal tem dezenas de funcionários que não fazem um corno durante um dia de trabalho. A autarquia, em situação limite como é agora o caso, podia ter um serviço de apoio à sua população, e o presidente da câmara tem que ter capacidade para falar com os responsáveis da saúde para implementarem um serviço de receitas que é comum até em países do terceiro mundo.

Sei que estou a bater no ceguinho; sei que para alguns daqueles que me lêem estou a ser injusto com os rapazolas da política que gerem a autarquia da Chamusca. Mas que se lixe. Tenho idade para dizer o que me vai na alma e estatuto para levar umas ripadas se com isso ajudar aqueles que não têm quem lhes acuda.

Nesta edição damos conta de uma situação que só prova que não podemos dar confiança aos políticos preguiçosos e irresponsáveis. Em julho passado registaram-se em Portugal 1716 mortes em excesso relativamente às últimas décadas e os especialistas alertam para os efeitos socioeconómicos sobretudo entre idosos. A mortalidade em 2022 está a ser comparada à de 1923, a seguir ao surto da gripe espanhola. Especialistas ouvidos pelo jornal Expresso não têm dúvidas que as mortes se devem a razões sócio económicas e falta de cuidados médicos. JAE.

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