Sociedade | 02-09-2022 07:00

Não há Ribatejano que se preze que não apoie um aeroporto na sua região

José Eduardo Carvalho

O presidente da Associação Industrial Portuguesa (AIP), José Eduardo Carvalho, fez declarações a O MIRANTE sobre a questão do novo aeroporto em Santarém e foi o único dirigente que até agora perguntou se podia responder por escrito, de forma a dar o rosto à sua opinião. Aqui fica o texto que é um bom contributo para a discussão sobre o assunto.

Caso se concretizasse a construção dum aeroporto para 100 milhões de passageiros seria um investimento importantíssimo para a região. Para se ter uma ideia, a solução Portela+Montijo atingiria 50 milhões de passageiros. Mas como tenho poucos dados sobre o projecto, é difícil emitir comentários ou opiniões sobre o mesmo. Irei fazer apenas três, dada a insistência de O MIRANTE.
Primeiro comentário: Desconhece-se o nome dos investidores e dos financiadores. Todos sabemos que o financiamento do aeroporto tem de ser privado. Espanha esgotou há uma década todo o orçamento do quadro comunitário para infra-estruturas aeroportuárias porque andou a construir pequenos aeroportos (tipo Beja) por uma série de regiões. Por isso, e dado a dimensão do investimento em causa, era importante conhecerem-se os investidores e financiadores. Seria uma forma de credibilizar o projecto.
Segundo comentário: O sucesso dum aeroporto não reside na infra-estrutura. Reside nas companhias aéreas que estão dispostas a viajar para lá. Esse é o problema do aeroporto de Beja. A ANA não consegue arranjar nenhuma companhia aérea em todo o mundo que queira voar para lá. Este dado é importantíssimo. Admito que os investidores já possam ter contratos firmados e que não os revelem. É possível, não sei… . Se o objectivo é construir um aeroporto para 100 milhões de passageiros os promotores têm de levar a TAP para lá. É a única companhia que opera em Lisboa que tem um HUB.
Terceiro comentário: Em 50 anos já se escolheram 17 locais para a localização do aeroporto. Havia uma solução aparentemente consensualizada, que era transformar a Base Aérea do Montijo num aeroporto complementar ao de Lisboa. Mas mais uma vez instalou-se o granel e a decisão complicou-se. 2) Um investimento que se aproxima de 6 mil milhões, numa infra-estrutura aeroportuária, obrigaria a duplicar a taxa que actualmente se pratica no aeroporto de Lisboa e, portanto, ficaria mais caro do que o de Madrid. Perderia por isso atractividade.
Obviamente, quem anda há três anos a estudar, a promover um investimento desta natureza, e a negociá-lo com financiadores, conhece muito bem todos estes factores e facilmente os rebate. Por isso, não pode haver nenhum ribatejano que se preze, que possa ter uma posição crítica e negativa, sobre um projecto desta dimensão. Veja-se o caso do projecto sobre o Tejo. O melhor lema será sempre: “It is hard to fail but it is worse to have never tried to succeed”.
José Eduardo Carvalho

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