Opinião | 29-05-2022 11:59

O regresso do tostão, as festas de meio milhão e a força do poderão!

O regresso do tostão, as festas de meio milhão e a força do poderão!

Linguista Serafim das Neves

O pessoal que quer as velhas moedas e notas de escudo de volta às nossas carteiras regressou ao activo. É rapaziada que continua a ter dificuldade em usar o euro e que quando fala do colchão ortopédico, ou do papa-reformas que comprou, refere sempre o preço em contos de réis, para não se enganar.
Compreende-se este regresso uma vez que, se sairmos do Euro, podemos imprimir quantas notas quisermos, o que fará de cada um de nós um milionário sem necessidade de andarmos a derreter dinheiro no Euromilhões ou na raspadinha. É só contratar mais funcionários para a Casa da Moeda e pôr a máquina de imprimir notas a mil à hora.
E para a reconquista total da nossa querida liberdade, dizem eles, também temos que sair da União Europeia deixando de ser comandados pelos burocratas de Bruxelas e Estrasburgo e passando a ser comandados apenas por… burocratas de Lisboa. É que, pelo menos os de Lisboa, são tão burocratas como os outros, mas são nossos.
A vontade de regresso às origens já tinha começado há anos com as dietas paleo, ou paleolíticas, como bem sabes. Foi na altura em que nos enfardávamos com costeletões de novilho grelhados, entrecosto no forno, borrego no tacho e frango à cafreal. Se sairmos do Euro e da União Europeia, como querem esses camaradas, podemos ter tudo paleo e não apenas a comidinha. Carros paleo, televisões paleo, namoradas paleo, enfim…é só chicha!!
Por falar em regresso ao paleolítico, no Entroncamento já foi decidido que este ano, nas festas da cidade, vão regressar, não as notas e moedas de escudo, mas os honrados copos de plástico que tinham sido objecto de repressão ambientalista há dois ou três anos.
Uma cervejinha, nem é cervejinha nem é nada se não for servida num copo de plástico e não é por mais uma dúzia ou duas de contentores cheios de copos de plástico usados que aumenta o buraco da tal camada de ozono ou que as sardinhas chispam mais na grelha por terem comido micro-plásticos misturados no plâncton. Os ambientalistas são cá uns exagerados!!!
Por falar em festas de aldeia vi um dia destes o presidente da Chamusca muito descontraído, de sapatilhas nova, penteado à moda de quem viu bicho e calcinha justa, dizer que a Semana da Ascensão ia custar perto de meio milhão de euros. Ouvi e fiquei atafulhadíssimo de felicidade. Espero que para o ano, em vez de nove dias, a festa passe a ter dezoito dias e que o homem gaste, no mínimo, um milhão. Aquilo é que vai ser um divertimento à maneira. Mas afinal, se pagamos impostos, que seja para termos festas de arromba.
Termino com uma outra boa notícia. A nossa comunidade académico/científica está cada vez mais na frente. Todos os dias leio declarações de investigadores universitários que acreditam ter descoberto a cura para os joanetes; que estão convencidos de ter produzido a fantástica molécula da longevidade, ou que podem ter desenvolvido um produto que deverá ser melhor que o gás russo e isso é fantástico.
Eu andava deprimido por pensar que o poderá ter feito; o deverá ter acontecido ou o teria desaparecido, por exemplo, eram apenas símbolo do rigor informativo de certos meios de comunicação social. Agora vejo que são também símbolo do nosso rigor científico. Estava errado e, se queres que te diga, a Pátria poderá vir a ter um futuro risonho.
Saudações perplexas
Manuel Serra d’Aire

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