O ano de 2022 é o do centenário de José Saramago. O escritor da Azinhaga deixou uma marca que não se apagará nos próximos séculos, a confiar naquilo que aprendemos com a História da Humanidade; o mundo rendeu-se aos seus romances e à forma inventiva como criou personagens e trabalhou a memória de outras, mais ou menos conhecidas, mais ou menos famosas, que se podem encontrar em títulos como “O Ano da Morte de Ricardo Reis”, “Memorial do Convento” e “O Evangelho Segundo Jesus Cristo”, livro que lhe valeu um acto de censura num dos governos de Aníbal Cavaco Silva, que acabou por incentivá-lo a mudar de vida comprando casa na ilha espanhola de Lanzarote. Aproveito a festa do centenário do escritor para deixar aqui, preto no branco, que vou participar na homenagem ao autor ribatejano já no dia das próximas eleições votando de acordo com as ideias e os ideais que defendeu nos últimos anos de vida, que era a do voto em branco como sinal de protesto pelo facto de estarmos sempre a eleger os mesmos políticos mentirosos, tema do livro “Ensaio sobre a Lucidez”, que levanta uma questão quase utópica de poder haver um dia uma espécie de epidemia de votos em branco.
José Saramago ganhou o Prémio Nobel em 1998 mas em 1992 ainda participava em encontros com os seus conterrâneos sem a presença de jornalistas e de televisões. Foi isso que aconteceu na Golegã, no dia 10 de Agosto, numa conversa integrada num denominado Encontro de Arte Contemporânea. O autor desta crónica era o único jornalista presente, se bem me lembro, e o registo da conversa está na edição de O MIRANTE de 15 de Agosto de 1992. A memória mais marcante desse encontro foi a atitude firme de José Saramago com um conterrâneo que tentou desconversar obrigando o escritor a levantar a voz numa atitude de pedir respeito pelos outros participantes.
Se Portugal tivesse uma democracia tão exemplar como nos Países Baixos ou Reino Unido (escrevo sem complexos e orgulhoso de ser português), António Costa tinha pedido desculpa aos portugueses por se ter envolvido na eleição de Luís Filipe Vieira no Benfica, mesmo não havendo ainda qualquer julgamento sobre os factos que vieram a público. Num país civilizado o primeiro-ministro de Portugal recebia todos os meses uma listagem dos imigrantes que estão inscritos no SEF à espera de legalização e tomava decisões em vez de deixar que Portugal seja governado por negociantes como no tempo da escravatura; se António Costa quisesse acrescentar valor ao que já aprendemos em democracia, depois da queda de Salazar, punha os médicos a enviar receitas por SMS para todos os doentes crónicos que se levantam da cama às quatro da madrugada, de Verão e de Inverno, para irem para as filas do centro de saúde, muitas vezes sem conseguirem os seus objectivos; ajudava a modernizar o sistema de Justiça com funcionários suficientes e acabava com o escândalo do Tribunal Administrativo onde os processos, por norma, demoram a julgar entre dez a vinte anos, por ser também um tribunal onde o Estado aproveita para se respaldar.
Depois de termos vivido num país governado por um socialista chamado José Socrates, que nos fez todas as maldades já conhecidas, e que ficarão por julgar graças ao sistema alimentado pelos políticos que com ele conviveram (alguns fazem parte do actual Governo demissionário de António Costa), esperava-se mais, muito mais, deste antigo presidente da Câmara de Lisboa. Não tenho dúvidas de que tentou fazer o melhor que sabe mas, na minha opinião, fez muito pouco para aquilo que todos esperávamos dele. Citando José Saramago no “Manual de Pintura e Caligrafia”, António Costa só pode reconhecer o ridículo da sua governação mas o problema é que o ridículo não suporta que o olhem. JAE.
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