Lista do Bloco de Esquerda por Santarém já está a provocar baixas
Romão Ramos, residente em Torres Novas, desfilia-se por causa do delírio de aparelhismo do partido
O militante e dirigente distrital de Santarém do Bloco de Esquerda, Romão Ramos, pediu esta quinta-feira a desfiliação do partido por não concordar com a escolha da cabeça de lista às legislativas pelo círculo de Santarém.
O dirigente bloquista diz que o partido está num “delírio febril de aparelhismo, centralismo, sectarismo e ortodoxia” devido ao facto de a mesa nacional impor Fabíola Cardoso como cabeça de lista, à revelia da grande maioria dos militantes do distrito.
O militante não poupa nas palavras e é bastante duro ao considerar que “a matriz de subsistência das tendências maioritárias do Bloco passou a ser exactamente aquela a que a história dos partidos comunistas e socialistas do centro e leste da Europa assinalou como as fatais”.
Romão Ramos refere mesmo que o socialismo só existe se foi genuíno e construído a partir das bases, realçando que o contrário disto “é uma encenação de sobrevivência das castas internas”.
Romão Ramos, que nas últimas autárquicas foi candidato à Câmara de Sousel (Alentejo), fala mesmo em vergonha e revela que o maior caso de aparelhismo no partido é a nomeação de Helena Pinto, vereadora da Câmara de Torres Novas e ex-deputada, para uma comissão à qual o Bloco votou contra e na qual vai ganhar cinco mil euros.
Considera que este caso é “o espelho maior da ansiedade e da necessidade de cargos de nomeação política para manter o aparelhismo a que hoje o secretariado e a comissão política do Bloco de Esquerda estão rendidos”.