Política | 11-07-2019 15:00

Manuel Romão foi vereador na Chamusca por uma hora e diz que política nunca mais

Manuel Romão foi vereador na Chamusca por uma hora e diz que política nunca mais

O ex-veterinário municipal contou a O MIRANTE que está a passar por um momento difícil a nível pessoal e que a sua vida política terminou.

“Fui vereador durante uma hora e a minha carreira política acabou aqui”. As palavras são de Manuel Romão, que ocupou o quarto lugar na lista de Paulo Queimado (PS) para a Câmara da Chamusca nas últimas autárquicas, tendo ficado como primeira opção para substituir algum dos três eleitos socialistas no executivo nas suas ausências.

Veterinário municipal reformado, bem visto e querido entre a população, Manuel Romão tem vivido momentos “difíceis” depois de, pela primeira vez, ter substituído um vereador numa reunião de câmara. O caso aconteceu no dia 18 de Junho quando substituiu Rui Ferreira (PS) durante as férias deste. Até aqui tudo normal, não fosse o caso de constar da ordem de trabalhos da reunião a proposta de compra, por parte da autarquia, de um imóvel de que o veterinário era proprietário. O que, obviamente, causou alarido político que rapidamente alastrou para a esfera pública. Porque não é todos os dias que uma autarquia faz um negócio com um seu vereador.

“Só soube na véspera que o tema ia à reunião de câmara. Ainda falei com o presidente Paulo Queimado sobre isso”, confessa Manuel Romão, que se escusou a revelar o teor da conversa entre ambos, depois de questionado por O MIRANTE.

O presidente da Câmara da Chamusca, Paulo Queimado, pouco se importou com as preocupações de Manuel Romão e o veterinário aceitou estar presente na reunião de câmara. Agora diz que não estava à espera das repercussões que esse episódio ia ter. “Está a ser um incómodo muito grande. Há pessoas que dizem que podiam ter poupado a minha imagem e que, a nível político, ia destruir a minha carreira”, confidenciou a O MIRANTE.

Manuel Romão diz no entanto que com a vida política pouco se importa, porque “durou uma hora e acabou”. “Juro para nunca mais”, garante. “A minha a vida pessoal é que ficou desnudada. Há pessoas que comentam e diz-se de tudo. E isso, sim, tem sido difícil de ouvir”, confessa.

O autarca por uma hora nem quer ser chamado de vereador, mesmo que em substituição, e diz que nunca mais vai integrar listas à câmara ou a qualquer outro órgão autárquico. “Não tenho, nem nunca tive ambições políticas. A minha curta e pouco agitada carreira política acabou. Fui apenas por ser uma experiência nova. Mas acabou aqui”, sublinha.

Ainda assim, Manuel Romão deixa um recado a Paulo Queimado nesta conversa com O MIRANTE: “Espero que cumpra tudo aquilo que me apresentou quando me convidou para fazer parte da sua lista. Caso contrário serei o primeiro a saltar-lhe com os dois pés em cima”, diz, embora refira que este episódio não beliscou a sua relação pessoal com o autarca.

Questionado sobre a legalidade e a ética desse negócio, Manuel Romão disse que se pudesse voltar atrás fazia tudo na mesma: “Sinto-me de consciência tranquila”.

A história de uma compra polémica

Esta conversa com Manuel Romão deveu-se ao facto de, tal como O MIRANTE noticiou na edição de 27 de Junho, a Câmara da Chamusca ter adquirido um prédio ao vereador em substituição Manuel Romão, no valor de 80 mil euros. Imóvel para o qual não existe um estudo prévio ou projecto definido para fundamentar a compra. Paulo Queimado referiu que ia ali colocar parte do arquivo municipal e histórico, mas nada indica que o espaço possa servir para o efeito. A polémica estalou entre a maioria socialista e os vereadores da oposição e na assembleia municipal chegou mesmo a falar-se em conflito de interesses.

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