António Rabaça, presidente da concelhia do PS de Benavente, tem estado debaixo de fogo por parte de alguns camaradas. Há demissões, mensagens e comunicados carregados de críticas a acentuar as divergências entre os socialistas. O surto de Covid-19 nos Bombeiros de Samora Correia e o descontentamento da população com a comunidade cigana residente em Benavente têm sido as armas usadas para marcar posições discordantes.

Fontes socialistas afirmaram a O MIRANTE que as intrigas e posições contraditórias colocam o PS numa posição desconfortável para a disputa das eleições autárquicas que se realizam para o ano. O “PS está em erosão por culpa deste presidente e as autárquicas estão comprometidas”, refere ao nosso jornal uma militante, que não teve coragem para dar a cara, acrescentando que já houve várias demissões, mas não dando os nomes.

Já Carlos Pernes, eleito pelo PS na Assembleia de Freguesia de Samora Correia, admite a O MIRANTE que chegou a comunicar ao presidente da concelhia a sua demissão do secretariado, mas voltou atrás, para não acentuar a polémica. “É verdade que manifestei intenção de sair, mas não a concretizei. Há muita mentira a sair cá para fora e isso prejudica o partido”, refere.

Rabaça diz que vereadores do PS não representam a concelhia
António Rabaça diz que “não há cisão absolutamente nenhuma” na comissão política: “Esta concelhia tem um presidente, uma mesa da assembleia e secretariado eleito e a funcionar. Está unida e a trabalhar com o propósito de ganhar as eleições no concelho de Benavente”. Sobre as demissões, refere apenas uma, a de Florbela Parracho - que também é vereadora – que saiu do secretariado.

Pedro Pereira, vereador socialista na Câmara de Benavente, foi um dos primeiros a colocar as novas divergências na praça pública ao criticar um comunicado dos Bombeiros de Samora Correia onde o próprio era visado, assim como o Governo socialista. Isto depois de António Rabaça ter manifestado, também em comunicado, a sua solidariedade para com os operacionais.

O presidente do PS de Benavente reforça que “se houver cisão é de pessoas que não querem trabalhar com os órgãos eleitos da concelhia” e, ressalva, “isso é a escolha individual de cada um”. Rabaça não se fica por discursos brandos e aponta nomes: “Temos dois vereadores na câmara municipal que também pertencem aos órgãos concelhios a desempenhar o programa eleitoral com que se submeteram a eleições e que não é o defendido pela actual concelhia, logo não a representam”, afirma, referindo-se a Florbela Parracho e Pedro Pereira.

Os dois vereadores socialistas tinham afirmado em comunicado que discordam da posição assumida pela concelhia e pelos eleitos do PS na assembleia municipal, que se abstiveram na votação de uma moção aprovada por esse órgão autárquico que exigia um reforço de efectivos da GNR no concelho. Rabaça disse que não se revê na posição dos vereadores e que a mesma só os compromete a eles. O único ponto em que concordam, referem, é na defesa da criação da polícia municipal, posição também assumida por António Rabaça.

Quanto às eleições autárquicas de 2021, António Rabaça não adianta nomes, afirmando apenas que a comissão concelhia está a ouvir as pessoas de Benavente para elaborar o programa eleitoral para a câmara municipal e as quatro freguesias. Admite que as tricas políticas podem prejudicar os resultados mas garante que está a trabalhar com o propósito de ganhar as eleições.