O vice-presidente e vereador com o pelouro do Urbanismo na Câmara de Torres Novas, o socialista Luís Silva, tem estado no centro de uma polémica por ter publicado na sua página de uma rede social um anúncio para venda de apartamentos que ainda estão em construção.

O autarca socialista defende-se dizendo que apenas queria valorizar um “investimento importante para a cidade”, mas mesmo depois de ter apagado a publicação, onde apareciam os números de telefone do promotor imobiliário, não se livrou das fortes críticas da oposição à esquerda.

O Bloco de Esquerda (BE) foi o primeiro partido a pronunciar-se, através de uma carta aberta assinada pela vereadora Helena Pinto, onde fala em “perplexidade e indignação” face à publicação do socialista. Depois veio a CDU que, pela voz de Nuno Guedelha, na Assembleia Municipal de Torres Novas de 9 de Setembro, a última antes das eleições autárquicas, avivar a polémica e alargá-la à governação socialista no concelho torrejano, que numa “promiscuidade propagandista mistura interesses privados com interesses públicos”.

Luís Silva vincou que apagou a publicação “precisamente para não estar a alimentar polémicas”, mas para a CDU - tal como para o BE - isso “não apaga a gravidade do acto, que é revelador de quem acha que vale tudo e que toda a propaganda é útil para se manter no poder municipal”, disse Nuno Guedelha.

“Apanhei aquilo e publiquei, não tomei atenção se tinha ou não tinha números de telefone”, reiterou o vice-presidente perante a assembleia, acrescentando que não é promotor imobiliário e que tem dado em reuniões de câmara outros exemplos de fogos habitacionais em construção no concelho.

Helena Pinto optou por questionar, em carta aberta, o presidente da Câmara de Torres Novas, Pedro Ferreira, sobre quais os motivos que levaram a tal publicação que “conflitua directamente com o interesse público e com a prática exigida aos eleitos”. Apoiando-se na legislação, refere na missiva que tal acto pode implicar a perda de mandato.