Política | 06-10-2023 10:58

"Sondagens são enganadoras e a culpa é dos técnicos e dos jornalistas"

"Sondagens são enganadoras e a culpa é dos técnicos e dos jornalistas"

Opinião de Luís Paixão Martins, responsável pelas campanhas eleitorais das maiorias absolutas de Cavaco Silva nas presidenciais e de José Sócrates e António Costa, nas legislativas.

O mais recente livro do consultor de comunicação Luís Paixão Martins, “Como mentem as sondagens”, afirma taxativamente que elas são enganadoras, apontando o dedo a técnicos de sondagens e jornalistas.
“Não é pelo facto de ter números que as sondagens não enganam, é mentira, os números enganam da mesma maneira que as outras coisas todas”, diz, em entrevista à agência Lusa.
Paixão Martins – que explana o seu ponto de vista em seis capítulos, um para cada “mentira” ou erro, desde as amostras, aos indecisos e à mediatização – faz a diferença entre estudos de opinião e sondagens eleitorais, defendendo que estas não foram feitas para prever resultados, mas que todavia é esse o ângulo pelo qual são divulgadas.
“Os jornalistas têm o fetiche de pensar que podem anunciar previamente quem vai ganhar as eleições”, diz Luís Paixão Martins, esclarecendo que esse ‘anúncio’ radica frequentemente no facto dos técnicos de sondagens fazerem uma “errónea” distribuição dos chamados indecisos.
No livro, dedica todo um capítulo à “mediatização” das sondagens – “A abstenção do jornalismo”, segundo titula – onde considera que o problema central das sondagens divulgadas pelos media é a simplificação, que os leva a “lançar” os dados das sondagens com total “imprudência” e mesmo arrogância.
O conhecido consultor de comunicação, responsável pelas campanhas eleitorais que resultaram em três maiorias absolutas em Portugal - Cavaco Silva nas presidenciais, José Sócrates e António Costa (PS) nas legislativas - investe também quanto à técnica de “transformar indecisos em votantes” e que explica pormenorizadamente no livro.
Para um consultor de comunicação, como ele próprio, a pretensa “antecipação” dos resultados eleitorais no decurso de uma campanha transforma a sondagem de “peça científica de campanha” em "peça de comunicação".
“Numa campanha, a partir do momento em que a sondagem é divulgada, ela, objectivamente, deixa de ter valor científico como indicador. Como os eleitores vão reagir em função daqueles dados, horas, ou um dia depois, se fosse feita uma outra sondagem com as mesmas pessoas, elas iriam dizer algo diferente do que disseram antes”, explica.
Segundo Paixão Martins, foi a sua reflexão sobre o papel das sondagens que o levou a escrever o livro, cujo objectivo “é fazer com que as pessoas percebam o que estão a ver quando vêm uma sondagem”.

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