“Benfica tem que chutar à baliza e não andar com rodriguinhos”
Nova Casa do Benfica em Santarém, a construir em imóveis municipais, tarda em sair do papel e o presidente da câmara reconhece que o processo tem-se arrastado em demasia. Assunto voltou a ser debatido em reunião do executivo.
A nova Casa do Benfica em Santarém não ata nem desata e o presidente da Câmara de Santarém, Ricardo Gonçalves (PSD), diz que está na hora do SL Benfica se “deixar de rodriguinhos” e “chutar à baliza”. Os prazos que têm sido anunciados são sucessivamente ultrapassados, sem que se vislumbrem sinais de obras nas antigas e devolutas cafetarias do Jardim da Liberdade, cedidas gratuitamente pelo município ao SL Benfica para implementar o projecto.
Na última reunião do executivo, a vereadora Sofia Martinho (PS), que tem mantido o assunto à tona, pediu mais uma vez explicações sobre o processo, lembrando que “há anos” que fala no assunto. Em Janeiro último, o presidente da câmara tinha revelado à vereação que, segundo informações que recebera de uma pessoa ligada ao clube, as obras avançariam em Fevereiro ou Março e que se perspectivava a inauguração para o dia 10 de Junho. Como nada aconteceu entretanto, Sofia Martinho perguntou o que é que a Câmara de Santarém tem feito, nem que seja no sentido de obter explicações. “Há limites para tudo e daí querer saber o ponto da situação sobre um problema que se arrasta há demasiado tempo”, vincou.
Ricardo Gonçalves ressalvou que as datas avançadas não partiram de si e adiantou que vai ter uma reunião com o clube no final deste mês concordando que o projecto não se pode eternizar. “O Benfica tem que chutar à baliza e não andar com rodriguinhos. Queremos dados concretos”, atirou o autarca.
A pandemia e as eleições no SL Benfica foram justificações avançadas para o arrastar do processo. Nos últimos três anos foram várias as datas avançadas, quer para o início das obras quer para a inauguração do novo espaço, que nunca foram cumpridas. As obras têm uma duração prevista de três a quatro meses e um investimento que ronda um milhão de euros, mais 600 mil euros que o inicialmente previsto dadas as alterações feitas ao projecto e ao estado “bastante degradado” em que se encontram as antigas cafetarias do Jardim da Liberdade, referiu na altura o director do departamento das Casas do Benfica, Jorge Jacinto.
O projecto-piloto das novas Casas do Benfica, que arrancará em Santarém, terá diversas valências para além de serviços e uma loja ligados ao clube. Vai também ter um restaurante. Estima-se que sejam criados cerca de 40 postos de trabalho.
Recorde-se que no final de 2018 a Câmara de Santarém deliberou a desafectação do domínio público para o domínio privado do município das cafetarias do Jardim da Liberdade, em Santarém, com a finalidade de as ceder ao Benfica, o que suscitou polémica na assembleia municipal. Tratou-se de um passo administrativo necessário ao desenvolvimento do processo, mas alguns deputados municipais insistiram sobre a necessidade dessa transição e quiseram saber mais alguns contornos do negócio. Um grupo de cidadãos também tomou posição criticando a cedência ao clube da águia daquele património municipal numa zona nobre da cidade, defendendo outra localização.
O MIRANTE contactou o SL Benfica para tentar obter alguns esclarecimentos não tendo recebido resposta até ao fecho desta edição.