Política | 29-04-2022 15:00

Edição Semanal. Comunistas abandonam sessão solene do 25 de Abril em Vila Franca de Xira

O momento em que Jorge Carvalho da CDU anuncia que vai abandonar a sessão solene de Vila Franca de Xira

A palavra “vergonha” gritou-se várias vezes em Vila Franca de Xira quando os eleitos da CDU na assembleia municipal e uma das suas vereadoras, a única que esteve presente, abandonaram a sessão solene do 25 de Abril para se juntarem a uma arruada da URAP.

Os eleitos da CDU na Assembleia Municipal de Vila Franca de Xira abandonaram a sessão solene do 25 de Abril promovida por aquele órgão para se juntarem a uma arruada popular da União de Resistentes Anti-Fascistas Portugueses (URAP) que decorria ao mesmo tempo no centro da cidade. A situação não caiu bem entre os presentes com as diversas forças políticas a condenar a decisão.
Faltava ouvir as intervenções da bancada do PS e do presidente da câmara quando a CDU foi chamada a intervir e o caldo se entornou. Jorge Carvalho, líder da bancada comunista, anunciou que o grupo se iria ausentar para comparecer no desfile da URAP. “Pedimos as nossas desculpas sem desrespeito pela intervenção dos seguintes intervenientes. É na rua que achamos que devemos estar. É uma celebração na rua com as populações e o movimento associativo popular”, anunciou, enquanto se ouviam gritos de “vergonha” e “vocês não prestam” vindos das bancadas.
A presidente da assembleia municipal condenou a posição dos autarcas e lembrou que a sessão solene, a mais marcante e importante realizada no concelho para evocar os 48 anos da revolução, estava a ter lugar na rua, frente à Fábrica das Palavras e aberta à comunidade. “Obrigado e bom 25 de Abril para vocês, vou esperar que saiam para dar continuidade aos trabalhos”, lamentou. Nenhum dos eleitos da CDU assistiu ao hino nacional que se seguiu.
Quando usou da palavra, o presidente da câmara, o socialista Fernando Paulo Ferreira, lamentou o sucedido lembrando a posição tomada pelo Partido Comunista Português aquando do discurso do presidente da Ucrânia no Parlamento, onde essa bancada política se ausentou. “São leituras próprias da sua ideologia e posição face ao presente. São intervenções escritas para este momento, todas legítimas e livres porque estamos em democracia. O Parlamento reuniu há poucos dias para falar de liberdade e não estavam todos os deputados. E hoje que estamos aqui a falar de liberdade e democracia, infelizmente, também não estão aqui todos os eleitos da assembleia”, condenou, perante o aplauso unânime de todas as bancadas.

À margem

Não havia necessidade

O Partido Comunista Português está a atravessar a maior crise de popularidade desde o 25 de Abril de 1974. Na sessão solene os eleitos de VFX revelaram um desdém pelos restantes presentes como não há memória no concelho. Não foi certamente a presença de três eleitos da CDU na arruada da URAP que fez a diferença. E sim, três: dois eleitos municipais e a vereadora Joana Bonita, a única a comparecer. Os outros dois vereadores da CDU, Nuno Libório e Anabela Gomes, faltaram. É uma questão de atitude. O partido das paredes de vidro, como escreveu Cunhal, aparenta estar cada vez mais estilhaçado e acções como esta em nada ajudam a solidificar a casa. Cada nova decisão é um tiro no pé e já começam a faltar dedos onde acertar. Ainda não é tarde para o PCP colocar a mão na consciência, admitir os erros e lançar-se à luta. Porque, a continuar assim, só saem a ganhar os adversários da democracia.

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