Autarca do Chega revelou que a direcção da NERSANT lhe teria dito que não há terrenos em Santarém para acolher grandes empresas e que as aconselharia a investir noutros municípios da região.

O vereador do Chega na Câmara de Santarém quis minar as relações entre a NERSANT e o município escalabitano, ao afirmar, na última sessão de câmara, que em reunião com a direcção da associação empresarial esta lhe terá dito que não havia terrenos disponíveis em Santarém para acolher grandes empresas e que aconselharia essas empresas a investir noutros concelhos da região. Uma revelação que o presidente do município, Ricardo Gonçalves (PSD), considerou extremamente grave, levando-o a pedir de imediato esclarecimentos à direcção da NERSANT, que negou ter produzido declarações desse teor.
“Se as palavras citadas foram proferidas pelo Sr. Vereador Dr. Pedro Frazão, as mesmas não correspondem à verdade, nem nos revemos em tais afirmações”, lê-se na resposta enviada pelo gabinete do presidente da NERSANT, Domingos Chambel, ao presidente da Câmara de Santarém.
Na mesma resposta, a que O MIRANTE teve acesso, está escrito que “caso a NERSANT tenha conhecimento de potenciais grandes investidores para o município de Santarém, fará o que faz com todas as câmaras, contactar em primeiro lugar o seu presidente e, em conjunto, seja qual for a sua dimensão, encontrar soluções para a sua instalação”. A Associação Empresarial da Região de Santarém faz ainda questão de sublinhar que não quer estar envolvida, nem alimentar, disputas partidárias e que mantém uma relação equidistante com todos os municípios.
Na origem da polémica está o vereador do Chega, Pedro Frazão, recentemente eleito também deputado da nação, que a pretexto do arrastar do processo de revisão do PDM (Plano Director Municipal) de Santarém revelou o que alegadamente lhe terá sido dito numa reunião com a direcção da NERSANT, na sede da associação em Torres Novas, no âmbito da campanha para as eleições legislativas.
Na reunião de câmara de 24 de Janeiro, cuja gravação está disponível na plataforma youtube, Pedro Frazão afirmou que no encontro com a direcção da NERSANT lhe teria sido dito que “não existe um sítio em Santarém onde uma grande empresa possa instalar-se” e ainda que “uma vez que a NERSANT é uma associação empresarial regional, aconselhava essas grandes empresas a irem para outro município” da região.
Declarações que, segundo o presidente da NERSANT, nunca terão sido proferidas. “Em tempo algum da reunião foi debatido se o município de Santarém tem ou não condições para receber grandes ou pequenos investimentos, muito menos que aconselha o investidor a ir investir em outros concelhos”, lê-se na resposta de Domingos Chambel, onde se sublinha que a NERSANT tem pautado e pauta a sua actividade tendo em conta o supremo interesse de desenvolvimento regional, mantendo “excelentes relações com a Câmara Municipal de Santarém e todas as Câmaras do Médio Tejo e Lezíria”.
Domingos Chambel explica ainda que os representantes do Chega foram recebidos como outros partidos na NERSANT no âmbito da campanha “Legislativas 2022”, tendo sido elencados factores de atrofiamento do desenvolvimento económico da região. “Entre outros assuntos, foi transmitido aos representantes do Chega, e a todos os partidos que recebemos, que um dos factores de atrofiamento plasmado no nosso Plano Estratégico é a morosidade da aprovação dos PDM”, esclarece o presidente da NERSANT.
Em declarações a O MIRANTE, o presidente da Câmara de Santarém criticou a postura do vereador do Chega e referiu que no concelho existem áreas disponíveis para acolher grandes investimentos empresariais, nomeadamente na zona de Almoster ou entre Santarém e a Romeira. Recordou ainda que o município tem apoiado projectos da NERSANT, de que é exemplo maior a criação do Centro de Inovação Empresarial de Santarém na antiga Escola Prática de Cavalaria, destinado à instalação de startups.