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Ou há direcção ou fecham-se as portas

Crise associativa no Clube Estrela Verde de Constância leva presidente cessante a lançar ultimato

O único clube com actividade regular da vila de Constância está a atravessar uma longa crise directiva. As portas da sede do Estrela Verde já estiveram fechadas e podem encerrar de vez se em Outubro não houver quem queira pegar no leme.

O Clube Estrela Verde de Constância vive desde Março uma crise directiva de difícil resolução. Apesar das assembleias gerais sucessivas que desde então ocorreram, nunca surgiu qualquer lista candidata interessada em assegurar os destinos da agremiação mais representativa da vila sede de concelho. Para que não se caísse num vazio directivo, os dirigentes cessantes têm assegurado a gestão corrente. Mas a crise levou mesmo ao encerramento das portas da sede do clube durante algum tempo. A situação é grave e parece ter caído num beco sem saída. O presidente da direcção cessante, Carlos Amorim, confessa que está seriamente preocupado com o futuro do clube. “A situação é muito grave. Por um lado não aparecem listas, mas os sócios também não querem o fecho e mostram-se preocupados com o futuro do clube. Só que não apresentam qualquer solução para o problema”.O Estrela Verde tem actualmente cerca de meio milhar de associados, uma sede condigna, que beneficiou de obras recentes, e financeiramente vive uma situação controlada. Carlos Amorim garante que os dirigentes que se mantiveram em funções de gestão o fizeram por respeito aos compromissos assumidos com as autarquias, com os patrocinadores e sobretudo “para que se mantivessem em funcionamento as secções desportivas”.Face ao desinteresse dos sócios em resolverem o problema directivo, foi decidido encerrar as portas da colectividade no dia 1 de Junho. Uma medida que não foi muito bem acolhida pela maioria dos associados da colectividade, que criticaram o facto “mas continuaram a não ajudar a encontrar formas de se ultrapassar o impasse de encontrar uma direcção”. As portas entretanto reabriram.Segundo alguns sócios da colectividade, a actual direcção, que tem dirigentes com mais de 10 anos de mandato, colocou a fasquia muito alta e agora existe o receio de quem para ali for não conseguir gerir o clube com a mesma dinâmica. Mas Carlos Amorim diz que essa ideia não faz sentido. “É uma falsa questão, porque cada um faz o que pode e aqui no Estrela Verde não é difícil trabalhar. As várias secções têm pessoas à frente com dinâmica e dispostas a lutar e pelo melhor para elas e para o clube”.Foi aliás a dinâmica das secções, que funcionam com autonomia desportiva, e algum afastamento dos sócios pela vida da colectividade, que levaram a que a direcção em gestão voltasse a reabrir as portas do clube. “O problema é complexo. Apesar de termos fechado as portas, as secções continuaram a funcionar, mas começámos a notar alguma desmobilização e depois de uma reunião de todos os órgãos do clube resolvemos reabrir a colectividade, embora mantendo a nossa intenção de sair”, referiu Carlos Amorim.A questão financeira também não pode ser usada como um obstáculo para não haver quem avance para a direcção do Estrela Verde. Apesar de haver uma dívida à banca, pagável em cinco anos, com uma prestação mensal de 250 euros, respeitante às obras de recuperação do edifício sede, a situação financeira é normal. “Gastámos nas obras 63 mil euros. Foi um grande esforço que contou com o apoio da Câmara e Junta de Freguesia de Constância, de sócios e empresas, e do Governo que nos financiou em 60 por cento. A parte que nos coube foi pequena e estamos a pagar, de forma suave. Temos no banco uma verba que dá para pagar a verba durante um ano, não é por isso que a direcção que vier a seguir terá problemas”, garantiu Carlos Amorim.O Estrela Verde é o único clube na vila sede do concelho de Constância que tem actividade regular. O fecho das portas vai colocar muitos jovens sem hipóteses de praticar desporto. Por isso Carlos Amorim espera que apareçam pessoas com vontade de tocar o clube para diante. “Nós já estamos aqui há muito tempo, precisamos de descansar um pouco. O nosso ciclo à frente do Estrela Verde chegou ao fim, é altura de outros associados assumirem as suas responsabilidades. Garantimos que virão encontrar um clube organizado e pronto a funcionar”. Ao mesmo tempo que reabriram as portas da sede, os dirigentes que se encontram em gestão, enviaram um comunicado aos associados, onde fazem eco da crise, pedem uma reflexão apurada e amadurecida, e pedem a mobilização em torno do Estrela Verde. Em Outubro vai-se realizar uma assembleia-geral extraordinária e aí terá que ser encontrada uma solução para o problema. “Vamos manter a porta aberta, vamos procurar soluções, mas é altura dos sócios tomarem uma decisão, ou o clube continua ou então fecha as portas de vez”, declara Carlos Amorim.

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