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Agricultores temem efeitos da extracção de areias

Agricultores temem efeitos da extracção de areias

Exploração junto à ponte da Chamusca vai ser deslocada para a zona de Azinhaga

Os agricultores crêem que a extracção de areias na zona de Azinhaga pode fragilizar ainda mais as margens do Tejo e facilitar a penetração do rio na terra arável.

Os problemas ambientais causados pela empresa de extracção de areias ASPOR, instalada junto à ponte da Chamusca, vão obrigar à sua deslocação para a freguesia de Azinhaga, Golegã, poucos quilómetros a jusante. Um cenário que já está a causar preocupação nos agricultores que têm as suas terras junto às margens do Tejo nessa zona. É no chamado Rombo Velho que se prevê a instalação da nova extracção, mas há quem conteste a decisão e diga que o local é o menos apropriado para o desenvolvimento desse tipo de actividade. José Cordeiro Marques diz que conhece os campos da Golegã tão bem como a palma das suas mãos. Antigo guarda da Companhia das Lezírias, não quis acreditar quando soube que as entidades responsáveis aprovaram o projecto para a exploração de areias junto ao Rombo Velho. “É um erro sem medida. Se a empresa devia de ser montada era em todo o lado menos aqui. Esta é a parte mais baixa do campo. É onde a água chega primeiro em altura de cheias. Com a construção de um areeiro aqui, de certeza que as águas e a areia vão irromper pelos campos. Vai ser um prejuízo enorme”, explica.Segundo as duas dezenas de agricultores que subscreveram um abaixo-assinado entregue ao presidente da Câmara Municipal da Golegã, José Veiga Maltez (PS), são cerca de cinquenta os hectares de terras que serão afectados pelas consequências da extracção de inertes naquela zona. Dizem que ali existe uma entrada para o Tejo e que o terreno é mais baixo que o envolvente, o que vai fazer que, com a extracção de inertes, as propriedades comecem a sofrer algumas consequências, entre as quais a sua desvalorização. Jorge Mogas garante que os campos do Rombo Velho, onde a maioria dos agricultores cultiva milho, beterraba e tomate, ainda são rentáveis e alheios à crise que atravessa o sector. Aos 58 anos e com um percurso de vida ligado àquelas terras, não tem dúvidas quando afirma que “fazer ali uma ilha é uma loucura” que vai prejudicar muitos agricultores. “Isto foi uma surpresa para nós. Só tomámos conhecimento quando o projecto já tinha sido aprovado. Estamos assustados porque sabemos que a extracção de areias nos vais destruir as propriedades. E é disto que nós vivemos”.Da mesma opinião é José Piedade Lopes. O agricultor, com um terreno na zona das “Praias”, não se conforma com a situação e admite ser o mais prejudicado porque as suas terras estão “praticamente coladas” ao local onde se pretende construir o areeiro.“Se aquilo for montado naquela baixa, vai rebentar de um lado e doutro e dar cabo das propriedades todas. Nós não somos contra o negócio, nem somos contra a extracção de areias do Tejo. Não queremos é que seja aqui nesta zona, porque vai colocar em causa o nosso sustento. Aquilo ali é a boca do inferno”, diz José Piedade Lopes.O MIRANTE tentou contactar esta terça-feira a administração da ASPOR, não tendo sido possível chegar à fala com qualquer responsável.Carla Paixão
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