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Presidente da Junta de Riachos fala em “catástrofe ambiental”

Presidente da Junta de Riachos fala em “catástrofe ambiental”

Entidades fazem orelhas moucas e fecham os olhos ao que se passa

O presidente da Junta de Riachos assume o fracasso na luta contra a poluição que assola a freguesia e diz-se impotente para resolver questões que não são da sua competência.

A freguesia de Riachos é a mais poluída do concelho de Torres Novas. As palavras são do presidente da junta, João Cardoso, e reflectem o desencanto do autarca com as dificuldades que tem sentido na resolução de questões ambientais que considera graves e com necessidade de intervenção urgente. A Vala das Cordas, o Ribeiro da Boa Água e a fábrica do álcool são motivos suficientes para tirar o sono ao edil riachense que se depara frequentemente com as queixas dos munícipes.João Cardoso admite o fracasso e diz-se impotente para resolver questões que são da competência do Ministério do Ambiente: “Acabei com as barracas, as lixeiras e os carros abandonados, mas não tenho conseguido resolver os problemas do ambiente que estão a criar um grande mau estar à população. Infelizmente, vou no segundo mandato e não consegui fazer nada contra o aumento da poluição em Riachos”, lamenta.Atento a todas as situações que possam colocar em causa a saúde pública e o bem-estar da população, João Cardoso diz que a junta de freguesia tem feito todos os possíveis para alertar as entidades competentes para a “catástrofe ambiental” que se vive em Riachos. Mesmo assim, pouco tem sido feito, no sentido de alterar a situação: “A única coisa que a junta pode fazer é avisar quem de direito, quando detecta alguma situação. Depois, normalmente, a delegada de saúde alerta a câmara e a câmara passa o assunto para o Ministério do Ambiente. Entretanto, nós continuamos à espera”, explica o autarca. Muitos anos, a mesma lutaDurante vários anos, as queixas contra os maus cheiros, alegadamente provocados pela fábrica do álcool, são uma constante. Uma situação que tem merecido especial atenção do autarca, mas que parece não ter resolução à vista, como explica João Cardoso: “Não posso negar que os maus cheiros continuam, mas também não podemos garantir que provenham da destilaria. Sei que a empresa já gastou uma soma avultada em filtros, e que técnicos do Ministério do Ambiente visitaram a fábrica e não detectaram qualquer anomalia. Mas de facto, ainda esta semana notámos um cheiro desagradável em toda a vila e pensamos que seja da fábrica”. A juntar aos problemas causados pela destilaria, João Cardoso acrescenta ainda a falta de sensibilidade dos industriais que teimam em fazer descargas para o Ribeiro da Boa Água, que provém do Carreiro da Areia e passa junto ao Torreshopping em Torres Novas.“Há dias em que a água do ribeiro corre amarela, outros que corre vermelha. É uma vergonha o que ali se passa há vários anos. Se não chovesse, este ano seria um caos. As margens do ribeiro estão negras e o cheiro chega a ser insuportável”, admite João Cardoso, que garante estar a juntar esforços para apresentar queixa contra os responsáveis.A lista de problemas ambientais continua. A conhecida Vala da Cordas, com início no Botequim e que atravessa a freguesia de Riachos até desaguar no Almonda, continua a ser alvo de verdadeiros “atentados ambientais”, diz João Cardoso: “Esta devia ser uma prioridade nacional. Tudo ali vai parar. É um problema grande que até hoje ninguém conseguiu resolver. Eu sei que os industriais também têm as suas dificuldades, mas não se pode continuar impávido e sereno a assistir a situações destas”.São problemas de muitos anos que não passam despercebidos aos olhos de quem conhece bem a zona. Situações para que as entidades responsáveis estão alertadas, mas para as quais não se consegue encontrar uma resposta. Por isso, a população de Riachos e das localidades limítrofes, continuam a sofrer as consequências provocadas pela poluição do ambiente. “É o preço do progresso e da evolução. Mas é um preço muito alto que tem de ser contrariado. Estamos a preparar zonas de expansão urbanística, mas estamos a esquecer-nos do ambiente que é o mais importante para a qualidade de vida das pessoas”, remata o presidente, João Cardoso.Carla Paixão
Presidente da Junta de Riachos fala em “catástrofe ambiental”

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