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Judite Silva

49 anos, empresária

É a única mulher empresária em Portugal no seu sector de actividade. Nasceu a 1 de Agosto de 1959 em Ferreira do Zêzere. Começou aos 20 anos a trabalhar na acividade de distribuição e venda a retalho de material eléctrico, electro-bombas e piscinas. Em 1983 funda, com outro sócio, a AFRIZAL. Há 8 anos que assume sozinha a administração da empresa a que se dedica com afinco e onde laboram 30 funcionários. Ver video em : http://www.omirante.pt/omirantetv/noticia.asp?idgrupo=2&IdEdicao=51&idSeccao=514&id=22462&Action=noticia

A vida é dura para quem é mole. A persistência, aliada a um pouco de ambição, leva-nos a bons caminhos. Não se deve desistir perante os obstáculos. Se não tivesse sido persistente não teria chegado onde hoje estou. Afrizal não tem nada a ver com África como alguns pensam. Mas, por acaso, abrimos agora uma loja no Mali. Era uma das últimas opções de nomes que tinhamos quando fomos registar a empresa. É um nome pequeno e fácil de pronunciar. Fica no ouvido. Não tem qualquer significado. Decidi abrir paralelamente uma loja de roupa para explorar a minha feminilidade. Trabalho há 25 anos na Afrizal que é um negócio mais de homens. Por vezes, não é fácil lidar com homens e com materiais pouco femininos. Todos os dias estou na empresa por volta das dez horas da manhã. Assino documentos e despacho correspondência. De tarde faço de tudo um pouco. Visito os funcionários das diversas secções, ajudo nas cobranças e contacto fornecedores e clientes. Gosto de estar por dentro das dificuldades do cliente. A fidelização é cada vez mais importante numa empresa. Qualquer colaborador meu tem que ser humilde, honesto e responsável. São três exigências que eu faço. É meio caminho andado para que qualquer empresa ande para a frente. Tenho 30 trabalhadores à minha responsabilidade. Quando comecei éramos três. Fazemos sempre uma reunião geral de trabalhadores no início de cada ano sobre o ano anterior e outra para delinear objectivos para o ano em curso. Nunca quis ser isto ou aquilo. Gosto do que faço e o trabalho absorve-me todo o tempo. Só descanso ao domingo. Normalmente estou com a família e recebo amigos em casa. Gosto de música, cinema e adoro o mar. E gosto de futebol. Nesta altura do Euro, sou portuguesa de alma e coração. Emociono-me com a selecção. Tenho um filho de 13 anos e uma filha que está a acabar o curso de Direito. Gostava muito que ela viesse trabalhar comigo. Houve alturas da minha vida que misturava a vida pessoal com particular. Agora não. Já consigo separar as águas. Sou quase obrigada a ir, duas vezes por ano, a Espanha, a França, Itália e Alemanha. Porque ali temos os nossos principais fornecedores e também para visitar feiras. São países com os quais pudemos aprender muito. Por exemplo, a questão da pontualidade. Se formos pontuais o dia de trabalho corre-nos melhor. Depois do trabalho, as pessoas devem descontrair e tentar e sair da rotina. Mas enquanto se trabalha devem estar empenhadas no que fazem. Sinto-me bem em stress. Sou mais produtiva. Eu dava-me bem a trabalhar em Lisboa. A cada minuto aprende-se. Aqui torna-se um pouco monótono. Por isso, de vez em quando, vou a Lisboa. Para fazer compras, ir ao cinema e ao teatro. Talvez um dia, quando me reformar, vá viver para lá.

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