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Mário Antunes

Mário Antunes

38 anos, director e coordenador técnico da Agrotejo

Nasceu a 20 de Julho de 1970 na Azinhaga, Golegã. É casado e tem dois filhos de 8 e 5 anos. Licenciado em Engenharia da Produção é, desde há seis anos, o director e coordenador técnico da Agrotejo, União Agrícola do Norte do Vale do Tejo que presta apoio a mais de mil associados. Há uma frase que define o seu modo de estar na vida: “O que está para resolver, tem que ser resolvido”.

Sou director e coordenador técnico da Agrotejo, associação à qual estou ligado desde 1995. Faço projectos e candidaturas de investimento e o acompanhamento de agricultores em espaço rural. Acabei o curso de Engenharia da Produção, tirado em Santarém, em 1994. Comecei a trabalhar logo a seguir. Fui dar formação profissional a pessoas com deficiência mental em Sintra. Estive lá um ano mas gosto muito do espaço rural e sempre quis voltar para cá. Na primeira oportunidade, e mesmo a receber menos vencimento, não olhei para trás. O apego a esta região falou mais alto. Começo o meu dia cedo, de modo a organizar a minha vida familiar. Tenho dois filhos pequenos. Depois venho para a Agrotejo e saio daqui muito tarde. O dia-a-dia resume-se a tentar resolver os problemas que aparecem aos agricultores. Há épocas em que sabemos exactamente o que é preciso fazer naqueles dias, porque há períodos específicos de candidatura. Depois há outros dias em que o trabalho é apoiar o agricultor naquilo que precisa naquele momento. Ouço as suas preocupações e procuro arranjar soluções, tentando sensibilizar o Ministério da Agricultura para os seus problemas. A Agrotejo tem como objectivo promover o desenvolvimento agrícola da região. Temos, neste momento, 1.100 associados e representamos uma área de cem mil hectares, desde Abrantes até Almeirim. Damos apoio aos agricultores e até os ajudamos a interpretar a correspondência que recebem, uma vez que alguns têm dificuldade em o conseguir fazer. Somos um pouco como o balcão do agricultor nesta região. As leis estão a mudar diariamente e a forma como as cartas são escritas nem sempre o são de forma clara. Tentamos apoiar o agricultor desde o projecto de investimento até à resposta de uma simples carta. A agricultura neste momento tem como capa uma política agrícola comum extremamente burocratizada. O agricultor tem que cumprir na fase de produção um conjunto de regras específicas, o que faz com que ele precise diariamente da nossa associação. A nossa formação e o apoio que damos está sempre sustentado por leis, quer as nacionais, quer as comunitárias. São as leis do mercado que vão ditar quem fica e quem não fica. Há três grandes dificuldades para os agricultores: o mercado, a adaptação às novas leis e financiamento. Uma é a adaptação rápida que tem que fazer a um mercado que está cada vez mais globalizado. Outra questão tem a ver com a burocracia e a legislação que diariamente aparece e é imposta aos agricultores e que parte de pressupostos que, muitas vezes, não existem ou de diagnósticos desajustados da realidade. Uma outra questão tem a ver com o financiamento. Neste momento, há um Programa de Desenvolvimento Rural (Proder) que devia estar implementado desde 2007 e que apenas o está parcialmente. E a parte que está desenvolvida ainda não trouxe resultados para os agricultores porque ainda não há projectos aprovados. O meu pai é um pequeno agricultor e sempre que posso tento ajudá-lo nas tarefas diárias. Sempre me vi ligado à agricultura e vou querer estar ligado. Nunca pensei noutra coisa e não foi por influência familiar. Foi mesmo por convicção. A agricultura e o espaço rural para mim sempre significaram muito. Tento ser uma pessoa coerente, falhar o menos possível, aprender todos os dias e transmitir as ideias que tenho de uma foram clara. Sou uma pessoa muito prática. O que está para resolver, tem que ser resolvido. A Azinhaga é uma aldeia pacata onde toda a gente se conhece. Há uma interligação das pessoas que é benéfica e da qual gosto muito. Existe um grande bairrismo. Para o bem e para o mal. É uma aldeia com grande potencial de desenvolvimento. Acho que não conseguiria viver numa grande cidade. Não é que aqui seja mais calmo. As coisas é que são feitas de outra maneira. Gostava de estar mais tempo com a família e os amigos. São dois pilares sem os quais não conseguiria ter uma vida normal.
Mário Antunes

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