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Um grupo que fumava charros e um artista com sono entre os mais de mil fiscalizados numa mega-operação

Um grupo que fumava charros e um artista com sono entre os mais de mil fiscalizados numa mega-operação

GNR corta auto-estrada em Aveiras de Cima de madrugada e apanha 177 condutores em infracção

Enquanto os militares da GNR e as outras entidades civis fiscalizavam todos os carros e camiões que circulavam na auto-estrada do norte na madrugada de 12 de Dezembro, O MIRANTE foi conhecer algumas histórias de quem caiu na mega-operação.

O cheiro levemente adocicado que sai de dentro de um Peugeot, com cinco ocupantes, concentra as atenções dos militares do Núcleo de Investigação Criminal da GNR. São cinco da manhã de segunda-feira, 12 de Dezembro, e a viatura é uma das que cai na mega-operação montada pela GNR na Área de Serviço de Aveiras de Cima na Auto-Estrada nº 1, no concelho de Azambuja. Os homens são convidados a sair do carro e todos os seus pertences são remexidos. Um cão de detecção de droga fareja a viatura. Os jovens ficam nervosos com o aparato policial. Os militares pedem para abrirem os sacos e malas no porta bagagens. Um deles está mais exaltado mas todos colaboram na acção dizendo que não tinham nada de ilegal. Só são encontrados os charros. Mas as doses são pequenas e entram nas quantidades previstas para consumo. Não há crime e os militares da GNR advertem o grupo para os malefícios dos estupefacientes. E lá seguem viagem ao fim de um quarto de hora mais aliviados e certamente com uma lição para o futuro. Mais carros chegam à zona, desviados da auto-estrada. Formam-se filas para a fiscalização. Ninguém passa sem ser verificado. Ao longo da madrugada os mais de 100 elementos da GNR, Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE), Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) e Direcção Geral dos Impostos passam a pente fino viaturas ligeiras e pesadas. As multas sucedem-se e no final faz-se a contabilidade: foram levantados 177 autos de contra-ordenação, sendo quase metade (81) por excesso de velocidade. Muitos camiões circulavam àquela hora e 35 foram detectados com excesso de peso. 42 motoristas foram multados por andarem a conduzir há mais horas que as permitidas legalmente. Nos automóveis ligeiros a maioria dos autos dizia respeito à falta de documentação do veículo, seguro e inspecção válidos. A GNR apanhou também dois carros roubados.A circulação na auto-estrada foi cortada entre as 5h00 e as 9h00, no sentido norte-sul e mais de um milhar de viaturas foram desviadas para a área de serviço e fiscalizadas. Aquelas que tentaram sair antes da área de serviço, no nó de Aveiras, também acabaram por ser fiscalizadas. Alfredo Monteiro é pintor e reside em Queluz. Vinha do Porto de uma exposição que ele próprio encerrou com um discurso horas antes numa galeria da cidade. Bebeu um Porto mas ao soprar no balão registou um invejável zero. “Estou é meio sonolento, acho que vou tomar um café”, partilha a O MIRANTE. Acabou por estacionar na zona e ficou durante um pouco a apreciar o aparato policial. “Só pinto paisagens, isto não me serve”, diz-nos com o sorriso possível às seis da manhã.Motoristas com pressaA operação causou transtornos em alguns condutores. Que o diga Norberto Sousa, camionista, que tinha como destino um armazém chinês em Samora Correia. “Um inspector da ASAE levou-me os documentos, disse que já voltava e eu estou aqui há dez minutos. Ainda por cima não me multou, não sei o que foi fazer, tenho pressa”, lamentava. Outro motorista, Rogério Dias, salienta a importância das fiscalizações mas lamentou a demora com que se realizavam. “É caça à multa, andam a preparar as estatísticas do fim do ano e são os motoristas que pagam. Eu vou chegar umas duas horas atrasado”, lamenta Rogério, que transportava motores para a fábrica da AutoEuropa em Palmela. “Tudo bem que a fiscalização deve ser feita mas podia ser de forma mais rápida”, condena o motorista que não foi autuado. Quem andou mais depressa a fazer cumprir o código foi a brigada do carro “Provida”, um automóvel com motor preparado pela BMW e que não deixou escapar muita gente que andava em excesso de velocidade. Dentro da área de serviço de Aveiras estavam colocadas também várias lagartas para furar os pneus de quem tentasse fugir à autoridade. Para a GNR qualquer operação causa transtornos mas está em causa a segurança e o combate à criminalidade. “A utilização indevida do telemóvel, a falta do cinto de segurança e a falta de carta de condução são alguns dos problemas que nos preocupam”, salienta o capitão da GNR, Paulo Poiares. A Guarda avisa que vai fazer mais operações semelhantes nos próximos dias e antes das habituais operações de Natal e Ano Novo.
Um grupo que fumava charros e um artista com sono entre os mais de mil fiscalizados numa mega-operação

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