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Igreja de Santa Iria ameaça ruína e a talha dourada dos altares já está a ser retirada

Igreja de Santa Iria ameaça ruína e a talha dourada dos altares já está a ser retirada

O novo pároco da Ribeira de Santarém está a organizar grupos com a missão de angariar apoios

Há década e meia que a igreja está fechada e a degradação tem-se acentuado. Três meses após a sua chegada, o novo pároco arregaçou as mangas e está a retirar todo o património do interior para ser recuperado. António Vicente trabalha também na mobilização dos cidadãos para salvar o templo, após terem fracassado candidaturas a programas de apoio há alguns anos.

A talha dourada dos cinco altares da igreja de Santa Iria, na Ribeira de Santarém, começou a ser retirada esta semana. A decisão foi tomada devido ao risco de ruína do edifício, que se encontra fechado há 15 anos. Do mesmo local estão a ser retirados por precaução e para salvaguarda outros objectos de valor como castiçais, azulejos e o que resta do órgão da igreja, ao qual foram roubados os tubos. Há fendas enormes nas paredes, com destaque para a fachada principal onde a portada está sustentada por dois barrotes de madeira. E um dos altares também está escorado por dois barrotes. Apesar de a recuperação da Igreja ser muito dispendiosa o novo pároco da Ribeira de Santarém, António Vicente, diz que o imobilismo não ajuda e que esta medida de salvaguarda e limpeza é a primeira resposta à situação. Do chão da igreja começaram a ser retirados diversos pombos mortos e dezenas de quilos de dejectos. A operação deverá decorrer durante duas semanas e o património de valor existente será encaminhado para restauro. A igreja que se calcula ser do século XIII ou XIV assenta sobre um cemitério medieval e uma linha de água, o que não tem ajudado à sua estabilidade, situação agravada pela proximidade da linha de caminho de ferro do Norte. “O problema é de estrutura. A igreja está a ceder e a movimentar-se podendo ruir parte da igreja de um momento para o outro. Estamos a retirar a talha dourada e as madeiras para que sejam tratadas e um dia seja possível repor este património. As peças vão ser catalogadas, fotografadas e tratadas. Quanto à estabilização do edifício e substituição da cobertura, os técnicos dizem que são necessários cerca de 300 mil euros só para fazer essas obras. Vamos tentar fazer uma candidatura a fundos comunitários, só vejo essa opção”, diz o padre António Vicente.Em 2002 foi preparada uma candidatura ao programa Al-Margem, integrada na requalificação da margem ribeirinha da Ribeira de Santarém, tendo sido gastos 25 mil euros num projecto mas a hipótese não se concretizou. Posteriormente houve outra tentativa de obtenção de financiamento através da Direcção Geral das Autarquias Locais que também se gorou. O pároco refere que está a constituir equipas com pessoas da freguesia para angariar os apoios possíveis e lança o apelo para que todos possam adoptar a igreja com o fim de a recuperar e valorizar. “A angústia e tristeza é perceber que este património corresponde às carências e dificuldades que a população também vive actualmente. É preciso que nos unamos, porque fazendo bem a esta igreja é a alma de um povo que é recuperada para que as pessoas se empenhem e vivam com mais esperança e confiança”, refere António Vicente.Marco Loja, que nasceu e reside na freguesia e que é também um estudioso da sua história e defensor do seu património lembra que há registos da década de 60 do século XX onde são mencionadas algumas das anomalias estruturais da igreja. Em Novembro de 1997, uma derrocada no interior da igreja, atrás do altar direito, serviu como aviso e o espaço não mais foi utilizado. O Inverno rigoroso de 1998 acentuou o problema das infiltrações.
Igreja de Santa Iria ameaça ruína e a talha dourada dos altares já está a ser retirada

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